Buenos Aires, 4 mai (EFE).- A agência de classificação de risco Moody's afirmou nesta sexta-feira que o recente enfraquecimento do peso na Argentina em relação ao dólar reflete uma "maior percepção de risco "para seus ativos e um acontecimento negativo" para o país, que depende dos fluxos de capital externo para financiar seu déficit.
Em comunicado assinado pelo analista sênior da Moody's para a Argentina, Gabriel Torres, a qualificadora aplaude as medidas anunciadas nesta sexta-feira pelo Governo de Mauricio Macri - entre elas uma redução na sua meta de déficit fiscal para este ano de 3,2% para 2,7% - "para enfrentar as pressões cambiais".
No entanto, a Moody's prevê que essas medidas "ajudarão a reduzir a volatilidade cambial", destacando que "o recente enfraquecimento do peso reflete uma maior percepção de risco para ativos argentinos".
"Isto constitui um acontecimento negativo em termos de crédito para a Argentina, que depende de fluxos de capital externos para financiar o déficit fiscal e o de conta corrente", concluiu Torres.
Nos últimos dias, a forte desvalorização do peso argentino em relação ao dólar gerou uma grande incerteza na sociedade argentina, tradicionalmente muito dependente da moeda americana.
Apesar disso, os alertas dispararam quando nesta quinta-feira o peso caiu 8,62% frente ao dólar, o que levou o Banco Central a subir, logo após os mercados abrirem, a taxa de juros, que voltou a aumentar esta manhã pela terceira vez em uma semana, chegando a 40%.
O Governo atribui estas variações no tipo cambial ao contexto atual, no qual as moedas dos mercados emergentes "caíram" principalmente pelas altas da taxa de juros nos Estados Unidos.
Também atribui esta situação à "incerteza doméstica" derivada da eventual pressão fiscal que viria do projeto que impulsiona a oposição no Congresso para frear a política de aumentos nas tarifas dos serviços públicos como eletricidade, água e gás ditadas pelo Executivo.