Por Angeliki Koutantou e Michelle Martin
AMSTERDÃ (Reuters) - A chanceler alemã Angela Merkel pediu à Grécia e a seus credores nesta sexta-feira que continuem buscando um acordo de reformas em troca de recursos depois que as negociações em Bruxelas chegaram a um impasse, conforme líderes europeus aumentavam a pressão para que Atenas ceda.
O tempo está se esgotando rápido para que a Grécia chegue a um acordo com seus credores da UE e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para evitar um default no final de junho que possa tirar o país da zona do euro. Mas as negociações acabaram sem um avanço na quinta-feira à noite e a equipe do FMI deixou Bruxelas de forma abrupta.
Ambos os lados tentaram manter as esperanças vivas nesta sexta-feira e um ministro grego disse esperar um acordo em 18 de junho. O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afirmou que a decisão está nas mãos da Grécia, enquanto o presidente do Eurogrupo exigiu "propostas sérias" de reformas.
A Grécia precisa de um acordo para destravar ajuda ou afrouxar os controles sobre quanto pode emprestar em dívida de curto prazo antes do pagamento de 1,6 bilhão de euros ao FMI que vence no final deste mês.
"Onde há vontade há uma maneira, mas a vontade tem que vir de todos os lados, então é importante continuarmos falando uns com os outros", disse Merkel em uma conferência em Berlim.
Apesar dos alertas de default iminente, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, não está mostrando sinais de alarme. Seu primeiro compromisso depois de voltar para casa de Bruxelas na quinta-feira foi um concerto pop a céu aberto para celebrar o restabelecimento da TV estatal ERT, fechada há exatamente dois anos devido a cortes ordenados pelos credores da União Europeia e FMI.
EUROGRUPO
O presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, disse a jornalistas em Haia que é "inaceitável" que o governo grego tenha até agora rejeitado propostas feitas em negociações com ele e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
"Eles podem apresentar alternativas mas elas têm que ser apropriadas", disse ele. "E enquanto não as tivermos, será difícil" retomar as negociações.
Alekos Flabouraris, um ministro grego, afirmou mais cedo que seu governo espera alcançar um acordo antes da reunião do Eurogrupo de 18 de junho, evitando o default. Eurogrupo é o nome dado às reuniões de ministros das Finanças de países que usam o euro.
Dijsselbloem afirmou que o sucesso depende dos gregos. "É primeiramente do interesse dos gregos chegar a esse acordo e das maneiras como as coisas estão agora, claro, não estão indo a lugar nenhum."
Ele explicou que a decisão do Fundo Monetário Internacional na quinta-feira de retirar sua equipe de negociação de Bruxelas não significa que está desistindo da Grécia, mas que sem as concessões gregas há pouco o que discutir.
(Reportagem adicional de George Georgiopoulos, Karolina Tagaris, Marine Pennetier, Caroline Copley, Marc Jones e Andrew Callus)