LONDRES (Reuters) - Parlamentares conservadores britânicos pró-União Europeia foram ameaçados com uma eleição geral ainda este ano se frustrarem os planos da primeira-ministra Theresa May para as operações alfandegárias após a saída da UE, disse um parlamentar nesta quarta-feira, o que pode aumentar a discórdia dentro do partido da premiê.
Os conservadores encarregados da disciplina partidária ameaçaram convocar uma moção de confiança que pode derrubar o próprio governo da conservadora May, disse um parlamentar à Reuters. A parlamentar rebelde Anna Soubry afirmou à rádio BBC que a possibilidade de uma eleição nacional também foi mencionada.
"Foi um espetáculo pavoroso", disse Anna à BBC Radio 4. "Esta insensatez de ameaçar com eleições gerais, e moções de confiança na primeira-ministra... venham com tudo, porque serei a primeira na fila a dar meu voto de confiança total na primeira-ministra", disse Anna. "O problema é que não acho que ela esteja mais no comando".
Parlamentares conservadores temem uma eleição e a possível vitória do trabalhista Jeremy Corbyn, cujo partido assumiu a liderança das pesquisas no início deste mês.
Os trabalhistas dizem que o referendo de 2016 que decidiu a desfiliação britânica da UE, conhecida como Brexit, deve ser respeitado, mas atacaram a premiê devido às divisões em seu Partido Conservador.
Nos últimos quatro anos, um dos períodos mais tumultuados da história política britânica recente, houve quatro votações: o referendo sobre a independência escocesa de 2014, a eleição britânica de 2015, o referendo do Brexit de 2016 e a eleição antecipada convocada por May no ano passado.
May escapou por pouco de uma derrota no Parlamento pelas mãos de parlamentares pró-UE de seu próprio partido na terça-feira, socorrida por quatro parlamentares trabalhistas que contrariaram sua sigla e apoiaram o governo.
Os distúrbios em torno dos planos para o Brexit afetaram a libra esterlina.
Por 307 votos a 301, o Parlamento rejeitou uma emenda em uma legislação comercial que teria obrigado o governo a tentar negociar uma união alfandegária com a UE se não tivesse conseguido obter um acordo com o bloco que oferecesse livre-comércio para bens sem atritos até o dia 21 de janeiro de 2019.
Na segunda-feira, May enfureceu parlamentares conservadores que querem manter os laços mais estreitos possíveis com a UE ao decidir aceitar várias exigências de parlamentares pró-Brexit linha-dura de seu próprio partido.
(Por Guy Faulconbridge e Alistair Smout)
((Tradução Redação Rio de Janeiro; 55 21 2223-7128))
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