Por Aaron Ross e George Obulutsa
NAIRÓBI (Reuters) - A polícia abriu fogo contra manifestantes que tentavam invadir a legislatura do Quênia nesta terça-feira, com pelo menos cinco manifestantes mortos, dezenas de feridos e seções do prédio do Parlamento incendiadas enquanto os parlamentares aprovavam legislação para aumentar os impostos.
Em cenas caóticas, os manifestantes superaram a polícia em uma tentativa de invadir o complexo do Parlamento. Chamas podiam ser vistas vindo do interior do prédio.
A polícia abriu fogo depois que gás lacrimogêneo e canhões de água não conseguiram dispersar a multidão.
Um jornalista da Reuters contou os corpos de pelo menos cinco manifestantes do lado de fora do Parlamento. Uma paramédica, Vivian Achista, disse que pelo menos 10 foram mortos a tiros.
Outro paramédico, Richard Ngumo, afirmou que mais de 50 pessoas foram feridas por tiros. Ele estava colocando dois manifestantes feridos em uma ambulância do lado de fora do Parlamento.
"Queremos fechar o Parlamento e todos os parlamentares devem renunciar", disse à Reuters o manifestante Davis Tafari, que estava tentando entrar no Parlamento. "Teremos um novo governo."
Protestos e confrontos também ocorreram em várias outras cidades e vilas do país.
O Parlamento aprovou projeto de lei de finanças, passando-o para uma terceira leitura pelos parlamentares. A próxima etapa é o envio da legislação ao presidente para sanção. Ele pode enviá-la de volta ao Parlamento se tiver alguma objeção.
Os manifestantes se opõem aos aumentos de impostos em um país que já está sofrendo com uma crise de custo de vida, e muitos também estão pedindo a renúncia do presidente William Ruto.
Ruto venceu as eleições há quase dois anos com base em uma plataforma de defesa dos trabalhadores pobres do Quênia, mas tem ficado travado entre as demandas conflitantes de credores como o Fundo Monetário Internacional, que está pedindo ao governo que reduza os déficits para ter acesso a mais financiamento, e uma população em dificuldades.
(Reportagem de Duncan Miriri, Aaron Ross, Hereward Holland, George Obulutsa e Humphrey Malalo)