PARIS (Reuters) - Os governos não devem esperar que o Banco Central Europeu deixe que assuntos fiscais fiquem em primeiro lugar quando a instituição definir sua política monetária, mesmo com a estabilidade financeira em jogo, disse o diretor do BCE François Villeroy de Galhau.
Villeroy, que também preside o banco central francês, não citou especificamente a Itália, mas a decisão de Roma de abandonar metas de déficit acertadas anteriormente com a União Europeia colocou pressão sobre os ativos italianos, provocando questionamentos sobre estabilidade financeira.
"Não pode haver dominância fiscal ou influência de qualquer política fiscal nacional em nossa política monetária comum", disse Villeroy durante uma entrevista coletiva.
Ele acrescentou que o principal mandato dos integrantes do board do BCE é garantir a estabilidade de preços na zona do euro e que estabilidade financeira deveria ser garantida por meio de medidas regulatórias.
A angústia do mercado financeiro sobre a Itália, que tem pesado sobre o euro e causou um salto nos rendimentos dos títulos italianos, está focada no grande custo da dívida do país.
O presidente da comissão da União Europeia, Jean-Claude Juncker, traçou um paralelo na véspera entre os planos orçamentários do governo liderado por populistas em Roma e as finanças da Grécia, que só recentemente emergiu de seu terceiro pacote de resgate.
"Deixem-me enfatizar, no ciclo de crescimento em que ainda estamos, mais dívida pública não é a cura, mas a doença", disse Villeroy.
"Eu enfatizo isso pelo meu próprio país, a França, é verdade para a França, mas também é verdade para a Itália e mesmo para os Estados Unidos da América."
(Reportagem de Leigh Thomas e Yann Le Guernigou)