Powell abre porta para corte de juros ao mencionar risco para emprego, mas não se compromete

Publicado 22.08.2025, 11:09
Atualizado 22.08.2025, 11:10
© Reuters. Chair do Federal Reserve, Jerome Powell, durante coletiva de imprensa, em Washingtonn30/07/2025nREUTERS/Jonathan Ernst

Por Howard Schneider

JACKSON HOLE, Estados Unidos (Reuters) - O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, abriu a porta nesta sexta-feira para cortar a taxa de juros, mas não se comprometeu, em comentários que navegaram por uma linha tênue ao reconhecer os riscos crescentes para o mercado de trabalho, mas também apontar que os riscos de uma inflação mais alta permanecem.

"Embora o mercado de trabalho pareça estar em equilíbrio, trata-se de um equilíbrio curioso, resultante de uma desaceleração acentuada tanto na oferta quanto na demanda por trabalhadores. Essa situação incomum sugere que os riscos de queda no emprego estão aumentando. E, se esses riscos se materializarem, poderão fazê-lo rapidamente", disse Powell na conferência anual do Fed em Jackson Hole.

"Também é possível, no entanto, que a pressão de alta sobre os preços, devido às tarifas, possa estimular uma dinâmica inflacionária mais duradoura, e esse é um risco a ser avaliado e administrado."

"A estabilidade da taxa de desemprego e outras medidas do mercado de trabalho nos permitem prosseguir com cautela ao considerarmos mudanças em nossa política monetária. No entanto, com a política em território restritivo, a perspectiva básica e a mudança no equilíbrio de riscos podem justificar ajustes em nossa postura", disse Powell, observando que, embora se espere que as tarifas elevem os preços, o cenário básico é que esse impacto sobre a inflação diminua.

Os comentários de Powell abrem caminho para um corte de juros na reunião do Fed de 16 a 17 de setembro, mas também dão grande importância aos relatórios de emprego e inflação que serão divulgados antes disso.

O discurso ofereceu pouca orientação sobre quando ou com que velocidade os juros podem cair, provavelmente fomentando ainda mais a pressão do presidente Donald Trump, que afirma não haver risco de inflação e que o Fed deveria cortar os juros imediatamente.

Trump vem pressionando o Fed com pedidos de renúncia de Powell, que se ampliaram nesta semana para a diretora Lisa Cook.

O discurso é o último de Powell como chair, com seu mandato terminando em maio. Trump está buscando um substituto e pressionando Powell e outros membros da diretoria a renunciarem na expectativa de nomear a maioria dos sete membros do órgão.

Junto com sua perspectiva sobre a economia, Powell anunciou uma nova estrutura estratégica do Fed que enfatizou que seu mandato de emprego máximo depende da estabilidade de preços.

Em seu primeiro mandato, Trump promoveu Powell de um cargo na diretoria para chair, mas logo começou a criticá-lo. Powell foi reconduzido para um segundo mandato de quatro anos pelo presidente Joe Biden.

O chair não pode ser removido por disputas sobre decisões de juros, e Powell disse que pretende cumprir seu segundo mandato integralmente.

O Fed tem mantido sua taxa de juros na faixa atual de 4,25% a 4,50% desde dezembro, enquanto as autoridades começaram a lidar com o provável impacto que as políticas do novo governo podem ter sobre a inflação, que permanece acima da meta de 2% e deve aumentar à medida que novas tarifas chegarem aos preços.

Alguns membros, incluindo o diretor Christopher Waller, argumentam que o impacto será modesto e de curta duração, e que os cortes de juros são necessários agora para proteger um mercado de trabalho enfraquecido.

Os dados econômicos desde a última reunião do Fed têm influenciado as autoridades em ambas as direções, com o próximo relatório de emprego referente ao mês de agosto podendo impactar fortemente o que o Fed dirá e fará em sua reunião de 16 e 17 de setembro.

O encontro incluirá novas projeções econômicas trimestrais das autoridades que, em junho, previam a necessidade de dois cortes de juros de 0,25 ponto percentual neste ano.

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