Por Francesco Guarascio
BRUXELAS (Reuters) - O primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, negou qualquer divisão entre os dois partidos em seu governo de coalizão, depois de notícias de uma discussão sobre as receitas fiscais, e insistiu que Roma vai avançar com as medidas orçamentárias expansionistas planejadas.
Seus comentários foram feitos quando líderes da União Europeia levantaram preocupações sobre os planos orçamentários extravagantes de Roma, que podem aumentar ainda mais a dívida pública da Itália, que já está em 133 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) e é a maior da UE depois da Grécia.
No que poderia ser mais uma fonte de preocupação, o vice-primeiro-ministro, Luigi Di Maio, líder do partido 5 Estrelas, disse na quarta-feira que o texto legislativo sobre uma anistia fiscal parcial foi "manipulado" antes de sua aprovação final.
O anti-establishment 5-Star sempre se opôs às anistias -uma política frequentemente usada na Itália, em que pessoas ou empresas podem evitar ser perseguidas por sonegação de impostos pagando uma taxa. Sua parceira de coalizão, a Liga de extrema-direita, favorece as anistias, que trazem dinheiro para o Tesouro Nacional e são populares entre os eleitores.
Di Maio não esclareceu quem poderia ter alterado o documento.
Questionado por repórteres sobre uma possível divisão da coalizão, o primeiro-ministro italiano, que não é de nenhum partido político, respondeu: "Não há divisão."
Chegando à cúpula da UE em Bruxelas, Conte reconheceu que os planos orçamentários para aumentar os gastos sociais, reduzir a idade de aposentadoria e aumentar o déficit dificilmente agradariam a Comissão Européia, que trata das políticas fiscais dos Estados da zona do euro.
A Comissão afirma que o Orçamento deve provavelmente violar as regras fiscais da UE e aumentar a dívida do país.