Por Mateus Maia
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, anunciou nesta quarta-feira a devolução ao governo de 3 bilhões de reais e o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que mais bancos públicos trabalham para honrar compromissos com a União, que usará os recursos para reduzir a dívida pública.
Segundo Guedes, as "despedaladas" ajudam a melhorar a eficiência do governo e torná-lo mais "fraterno".
"Esse dinheiro volta para resgatar a dívida pública. Esse movimento vai desestatizando gradualmente o mercado de crédito", completou o ministro em coletiva de imprensa com Guimarães.
Guedes disse ainda que, ao devolver esses recursos a União, a Caixa se livra de uma dívida que custa 18% ao ano para o banco --comparada à Selic atual de 6,50%.
Guimarães reforçou plano de devolver mais recursos neste ano. "Nosso plano é devolver 20 bilhões de reais (no total)".
"PEDALADAS"
Essa dívida da Caixa com a União se refere a Instrumentos Híbridos de Capital e Dívida (IHCD), por meio dos quais o governo federal injetou recursos no banco na última década.
O IHCD foi a forma encontrada pelo governo para evitar que bancos públicos ficassem com nível de capitalização abaixo do mínimo requerido pelo Banco Central, dado que as instituições estavam emprestando em ritmo mais acelerado que bancos privados.
No total, o governo aportou 86,5 bilhões de reais em bancos públicos. A dívida total da Caixa soma 40,2 bilhões de reais. O BNDES deve 36,1 bilhões de reais nessa modalidade. Banco do Brasil (SA:BBAS3) (8,1 bilhões de reais), Banco da Amazônia (1 bilhão de reais) e Banco do Nordeste (1 bilhão de reais) completam a lista de bancos estatais devedores com base em IHCD.
O valor aplicado nos bancos faz parte de um montante de 280 bilhões de reais que o governo espera receber neste ano que ajudarão a diminuir gastos da dívida pública.
"O governo todo trabalha com o mesmo objetivo", disse Guedes sobre a intenção de outras instituições públicas de honrar essas dívidas com a União. "Todos esses bancos estão fazendo seu dever de casa", acrescentou.
Mas Guedes negou que o governo esteja pressionando os bancos "mais frágeis" --referindo-se ao Banco da Amazónia e ao Banco do Nordeste, preferindo focar nos bancos de "regiões mais ricas".
BANCO SOCIAL
Segundo Guimarães, a devolução dos recursos decorre do entendimento da Caixa como "banco social". Ele disse ainda que o foco do banco é continuar incentivando o crédito imobiliário.
Em entrevista à Reuters em maio, Guimarães havia citado um prazo de quatro anos para concluir o pagamento dos mais de 40 bilhões de reais em dívidas com IHCD, mas que sua meta pessoal era fazer isso em dois anos.
(Por Mateus Maia)