SÃO PAULO (Reuters) - A retomada econômica em 2018 será dispersa e desigual, com alguns setores se saindo melhor que outros, previu nesta segunda-feira o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, destacando o desempenho “excepcional” do agronegócio.
Segundo ele, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) divulgados na semana passada pelo IBGE apontam que o motor da retomada por enquanto é o consumo.
“Mas simplesmente reduzir o sinal da retomada ao consumo seria cometer injustiças grandes com, por exemplo, o desempenho excepcional do agronegócio e dos investimentos em segmentos relacionados como os maquinários e equipamentos agrícolas”, afirmou a jornalistas durante seminário da Câmara Americana de Comércio, em São Paulo.
No caso da indústria, ele ressaltou que alguns setores, como o automotivo, já mostram sinais de melhora. Para infraestrutura, Rabello de Castro afirmou que o processo eleitoral pode ser um entrave para expansão mais significativa dos investimentos. “Por ser ano eleitoral vários entes públicos deixam de poder solicitar empréstimos”, explicou.
Rabello acrescentou que os desembolso do banco de fomento deve ficar abaixo do nível programado das amortizações no próximo ano, em função parcialmente dos recursos antecipados que estão sendo devolvidos à União. “Os desembolsos só esse ano foram a ordem de 50 bilhões de reais, nunca pensei que assinaria um cheque tão grande”, comentou.
JBS (SA:JBSS3)
Questionado sobre a participação minoritária do BNDES na JBS, ele disse que o banco ainda aguarda a convocação de uma assembleia geral de acionistas para deliberar sobre os prejuízos que a confissão explícita de atos ilícitos por acionistas controladores causou à companhia.
“O conselho de administração não é um local suficientemente amplo para discussão que precisa ser feita, por mais que lá tenhamos conselheiros novos do BNDES muito bem equipados… Precisamos de AGE, é nela que sócios discutem as perspectivas da empresa”, afirmou Rabello.
O presidente do BNDES lembrou, contudo, que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ainda precisa se pronunciar sobre o conflito de interesses na empresa. “Não tem cabimento que quem está envolvido em discussão sobre prejuízos causados à JBS também vote em AGE”, disse.
(Por Gabriela Mello)