O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse hoje (12) que os bancos públicos estão baixando o spread bancário, o que deve estimular instituições privadas a fazer o mesmo. O spread é a diferença entre as taxas que as instituições financeiras pagam para captar recursos e as que cobram do cliente final.
“Acredito que todo o sistema [bancário] vai fazer [a redução da taxa]. Certamente o que posso dizer é que os bancos públicos estão fazendo”, disse o ministro durante evento anual da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), na capital paulista.
Segundo Meirelles, o governo federal está tomando uma série de medidas que baixam a taxa de juros e permitem diminuição de risco para os bancos, o que possibilita a queda dos spreads. “Evidentemente, através também da ação dos grandes bancos públicos nós temos condições de ir influenciando diretamente, através da competição de mercado. Certamente, não artificialmente, como já foi tentado no passado e não funcionou, mas dentro dos fundamentos”.
Meirelles afirmou que a queda do spread bancário é resultado de fatores que incluem alterações no mercado de crédito, mudanças decorrentes da estabilização da economia e a queda da taxa básica de juros, a Selic. “Caiu a Selic da última vez, como nas outras vezes, os bancos anunciaram imediatamente a queda da taxa. Em resumo, vamos seguindo os fundamentos de maneira a que, aí sim, asseguremo-nos que as taxas de juros caiam adequadamente refletindo a melhora do fundamento, mudança no mercado de crédito e queda da taxa base de juros”, acrescentou.
Febraban
O presidente da Febraban, Murilo Portugal, disse que uma parte importante da agenda para redução do spread é reformar e melhorar o ambiente de crédito e acrescentou que o setor bancário conta com as instituições públicas para reduzir as taxas. “Contamos e continuaremos a contar com o apoio dos reguladores do Congresso Nacional, do Judiciário e do governo na missão de reduzir o spread bancário”.
Segundo Portugal, há dois componentes que influenciam bastante o spread bancário: os custos da intermediação financeira e o lucro dos bancos. O presidente da Febraban argumentou que a inadimplência no Brasil, integrante desses custos de intermediação, é quatro vezes maior do que a de um conjunto de 13 países que a federação leva em consideração em seus estudos. “Entre esses componentes, os custos da intermediação financeira, a inadimplência, os custos operacionais, os custos tributários, os custos regulatórios, segundo dados do próprio Banco Central, representam 75% do spread bancário”, disse.
“Eu quero aqui reafirmar que nós da Febraban e dos bancos associados somos 100% a favor da competição e da livre iniciativa, nós apoiamos e apoiaremos qualquer medida que vise elevar a competição do setor bancário, que não seja discriminatória”, acrescentou.