BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reforçou nesta sexta-feira que a redução moderada do ritmo de corte de juros deve se mostrar adequada daqui para frente, considerando os atuais riscos em torno do cenário político.
"A flexibilidade do regime de metas para a inflação permite adequar a política monetária aos possíveis cenários prospectivos", disse Ilan, por meio de apresentação preparada para evento em São Paulo.
Ele também apontou que o provável resultado favorável da inflação em junho deverá ser fruto de oscilações pontuais em função do reajustes de preços administrados, como a redução dos preços de combustíveis e a volta da bandeira verde aos preços de energia. E destacou que essas oscilações "não têm implicação relevante para a condução da política monetária".
O IPCA de maio, divulgado nesta manhã, subiu 0,31 por cento, abaixo do avanço de 0,50 por cento estimado por analistas ouvidos pela Reuters, corroborando o cenário positivo para o avanço de preços na economia Em 12 meses, o indicador acumulou alta de 3,60 por cento, menor nível em 10 anos em meio à atividade econômica fraca.
Em sua apresentação, Ilan afirmou que o comportamento da inflação permanece favorável e que deve evoluir nessa toada ao longo deste ano e dos próximos, conforme cálculos feitos pelo BC com base nas expectativas de mercado em pesquisa Focus.
"O processo de desinflação se difundiu e houve consolidação da desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. A desinflação dos preços de alimentos constitui choque de oferta favorável", disse.
Depois o BC ter cortado a Selic em 1 ponto percentual no fim de maio, a 10,25 por cento ao ano, e de ter indicado que optará por corte menor em julho em meio à intensa crise política, Ilan voltou a falar sobre o cenário de incertezas.
"O fator de risco principal é o aumento de incerteza sobre a velocidade do processo de reformas e de ajustes na economia", afirmou ele.
O governo do presidente Michel Temer tem enfrentado forte crise política após delações de executivos do grupo J&F e que aumentou o temor de que o andamento das reformas trabalhista e da Previdência no Congresso Nacional possa ser afetado.
(Por Marcela Ayres)