BRASÍLIA (Reuters) - A Organização Mundial do Comércio (OMC) deve ser reformada a fim de considerar os interesses de todos os membros participantes, inclusive de países em desenvolvimento, e as mudanças têm de buscar enfrentar desafios atuais e futuros no comércio internacional, afirmaram os Brics em comunicado conjunto, nesta sexta-feira, após reunião informal de líderes do bloco à margem da cúpula do G20 no Japão.
"A reforma deve, inter alia, preservar a centralidade, os valores centrais e os princípios fundamentais da OMC, e considerar os interesses de todos os membros, inclusive os países em desenvolvimento e os países de menor desenvolvimento relativo (PMDRs). É imperativo que a agenda de negociações da OMC seja equilibrada e discutida de maneira aberta, transparente e inclusiva", disse o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
O comunicado estima que está previsto um crescimento econômico mundial moderado até 2020 e que o fortalecimento desse crescimento continua "altamente incerto, com aumento de tensões comerciais e geopolíticas, volatilidade dos preços das commodities, desigualdade, crescimento inclusivo insuficiente e condições financeiras mais rígidas incrementando o risco".
"Desequilíbrios globais continuam amplos e persistentes e requerem monitoramento minucioso e respostas políticas tempestivas. Enfatizamos a importância de um ambiente econômico global favorável ao crescimento sustentável do comércio internacional", disseram os países no comunicado.
O grupo defendeu a importância de se buscar mercados abertos, estabilidade financeira, reformas estruturais, cooperação em parcerias público-privadas e financiamento de infraestrutura e desenvolvimento.
"Medidas internacionais e domésticas nessas e em outras áreas contribuirão para um crescimento econômico inclusivo e sustentável. Conclamamos maior participação dos países em desenvolvimento nas cadeias globais de valor. Reconhecemos a importância da interface entre comércio e economia digital. Afirmamos também o papel dos dados para o desenvolvimento".
O comunicado disse ainda que os países do bloco continuam comprometidos com a plena implementação do Acordo de Paris. "Instamos os países desenvolvidos a fornecer apoio financeiro, tecnológico e de capacitação aos países em desenvolvimento para aprimorar sua capacidade em mitigação e adaptação. Esperamos que a Cúpula de Ação Climática da ONU, a ser realizada em setembro deste ano, produza resultados positivos".
Na quinta-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que não assinaria nenhum acordo comercial com o Brasil caso o presidente Jair Bolsonaro saia do acordo climático, ameaçando colocar em risco os trabalhos de negociações comerciais entre UE e Mercosul.
(Reportagem de Ricardo Brito)