Por Alberto Alerigi Jr.
SÃO PAULO (Reuters)- - A indústria brasileira de veículos deve superar suas próprias projeções de vendas internas e exportações em 2017 e deve acelerar crescimento em 2018, apesar da volatilidade a ser gerada pelo processo eleitoral, afirmou nesta quarta-feira a Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no país.
O setor, responsável por cerca de 25 por cento do Produto Interno Bruto industrial do Brasil, estima alta de 7,3 por cento nas vendas internas este ano, enquanto a projeção para o crescimento das exportações é de 43,3 por cento.
No acumulado de janeiro a novembro, as vendas de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus no Brasil cresceram 9,8 por cento sobre o mesmo período de 2016, a 2 milhões de unidades, enquanto as exportações saltaram 53,3 por cento, para 700,9 mil veículos.
O recorde de exportações da indústria aconteceu em 2005, com vendas externas de cerca de 724 mil veículos. Até agora em 2017 a média mensal de exportações tem sido acima de 60 mil unidades. A projeção da entidade para as vendas externas este ano é de 745 mil veículos.
"Felizmente vamos errar as projeções para vendas e exportações", disse o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Antonio Megale. "As vendas internas devem crescer mais próximo de 9 por cento, e isso considerando que este ano temos alguns dias úteis a menos que 2016", acrescentou em entrevista a jornalistas.
Megale afirmou que para 2018 a indústria deve atingir um crescimento de dois dígitos nas vendas no mercado interno e as exportações, que vão bater recorde histórico neste ano, deverão continuar avançando.
"Projetamos economia mais robusta para o ano que vem...mas estamos vendo instabilidade enorme...O crescimento do setor automotivo do ano que vem será maior que neste ano. Se fecharmos em alta de 9 por cento (em 2017), certamente teremos dois dígitos no ano que vem", afirmou Megale, acrescentando que a Anfavea estima crescimento de entre 2,5 e 3 por cento no PIB do país.
No próximo ano o setor, que até 2016 amargava quatro anos de quedas consecutivas do mercado interno, acumulando ociosidade acima de 50 por cento, deverá zerar o número de funcionários com contratos de trabalho suspensos, disse Megale.
Até novembro, havia cerca de 1 mil funcionários de montadoras do país no sistema chamado de 'layoff' e outros 2,3 mil inscritos no programa federal de proteção ao emprego PSE. No início do ano passado, o número de pessoal em layoff e inscritos no PSE estava na casa de 38 mil.
Megale afirmou que o nível de ociosidade das fábricas de veículos do país ao final de novembro era de 45 por cento, enquanto no segmento de caminhões o percentual ainda era elevado, em torno de 75 por cento, mas abaixo dos 80 por cento de alguns meses atrás.
Em novembro, a indústria produziu 249,1 mil carros, comerciais leves, caminhões e ônibus em novembro, praticamente estável sobre o montado em outubro e melhor marca para o mês desde 2014. Na comparação com um ano antes, o volume produzido foi 15,2 por cento maior.
O setor teve vendas de 204,2 mil veículos no Brasil no mês passado, expansão de 0,7 por cento na comparação mensal, também melhor volume para o mês desde 2014. Sobre novembro de 2016, as vendas subiram 14,6 por cento. O movimento foi influenciado por um menor número de dias úteis em novembro ante outubro e por uma fraca base de comparação um ano antes.
"É um resultado positivo, pois tivemos um dia útil a menos em novembro em relação ao mês anterior. Pela primeira vez no ano ultrapassamos o emplacamento diário (dias úteis) de 10 mil unidades", disse Megale. Segundo ele, o emplacamento de novembro correspondeu a 10,2 mil unidades por dia útil ante nível de cerca de 6 mil veículos no início do ano.
"Temos expectativa de continuar com esse crescimento (de vendas) sobre um ano antes", disse Megale.
O setor, que meses atrás apurava quedas mensais no nível de pessoal ocupado, registrou crescimento de 2,5 por cento no número de funcionários em atividade na comparação com novembro do ano passado, para 126.349 empregos. O crescimento foi puxado pelo segmento de máquinas agrícolas, que viu seus quadros se expandirem em 9,3 por cento no período.