Dólar sobe no Brasil com mercado à espera de Galípolo em dia de feriado nos EUA
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs de longo prazo fecharam a quarta-feira em baixa, em uma sessão em que o IPCA-15 de novembro ainda demonstrou pressão de preços no setor de serviços, mas trouxe alguns resultados favoráveis, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, minimizou os recentes ruídos entre Planalto e Congresso.
Em um dia favorável para os ativos brasileiros, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 12,755% no fim da tarde, praticamente estável ante o ajuste de 12,754% da sessão anterior.
Na ponta longa da curva, a taxa para janeiro de 2035 marcava 13,265%, em queda de 9 pontos-base ante 13,357%.
No início do dia o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o IPCA-15, considerado uma espécie de prévia da inflação oficial, subiu 0,20% em novembro, ante 0,18% em outubro. Economistas ouvidos em pesquisa da Reuters projetavam taxa de 0,18% em novembro.
A abertura dos números mostrou algumas medidas de inflação ainda pressionadas. Os preços de serviços subiram 0,66% em novembro sobre o mês anterior, conforme cálculos do banco Bmg, ante 0,37% em outubro. Os serviços subjacentes avançaram 0,40% e os serviços intensivos em mão de obra tiveram alta de 0,62% em novembro, ante 0,24% e 0,41% no mês anterior, respectivamente.
A média dos núcleos de inflação do Banco Central subiu 0,28% em novembro, ante alta de 0,23% em outubro. Na outra ponta, os bens industriais registraram deflação de 0,06% pelos cálculos do Bmg, contra taxa negativa de 0,01% em outubro.
"Preços de serviços (vieram) altos, puxados por passagens aéreas. Mas o pior foi subjacentes e intensivos", comentou o economista-chefe do Bmg, Flavio Serrano. "Continua o desafio de desacelerar a inflação de serviços."
Já o ASA viu "um saldo qualitativo benigno" no IPCA-15, apontando para cálculo que mostra desaceleração da média móvel de três meses da inflação subjacente de serviços.
O Daycoval, por sua vez, ponderou que a pressão de serviços foi atenuada por uma nova surpresa baixista nos preços dos alimentos no domicílio.
No geral, a percepção foi de que os dados do IPCA-15 não foram tão ruins, o que manteve as apostas de que o Banco Central poderá iniciar o processo de corte da taxa básica Selic, hoje em 15% ao ano, em janeiro.
“O número (do IPCA-15) deve gerar revisão para baixo das projeções dos economistas para o dado fechado de IPCA de novembro, mas pouca coisa”, comentou durante a tarde Laís Costa, analista da Empiricus Research.
“Neste momento, (as apostas) estão em cerca de 90% de chance de 25 pontos-base de corte em janeiro”, acrescentou.
Ao longo da sessão as taxas longas se firmaram em baixa, em paralelo ao forte avanço do Ibovespa e à queda do dólar ante o real, com os investidores atentos ao noticiário em Brasília.
Em entrevista à GloboNews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, avaliou que um eventual estremecimento entre governo e Congresso é algo natural e que, se ele realmente existir, será passageiro.
Ao tratar do projeto que regulamenta a aposentadoria especial dos agentes comunitários de saúde e dos agentes de combate às endemias -- proposta já aprovada no Senado e com impacto fiscal bilionário para o governo --, Haddad defendeu a necessidade de o Congresso apontar fontes de financiamento quando aprova uma nova despesa.
O ministro lembrou que há uma decisão liminar do Supremo Tribunal Federal que não permite a aprovação de um aumento de despesas sem a indicação de fontes de financiamento.
Após a fala de Haddad, as taxas dos DIs de longo prazo renovaram mínimas.
O movimento ocorreu enquanto, no exterior, as apostas de corte de juros pelo Federal Reserve em dezembro seguiram majoritárias, ainda que os rendimentos dos Treasuries subissem em alguns momentos.
Às 16h45, o rendimento do Treasury de dois anos -- que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- tinha alta de 2 pontos-base, a 3,483%. Já o retorno do título de dez anos --referência global para decisões de investimento -- mostrava estabilidade, aos 4%.
Pela manhã, o Banco Central informou que as concessões de crédito no Brasil recuaram 1,1% em outubro na comparação com o mês anterior, com o estoque total de crédito avançando 0,9% no período, a R$6,914 trilhões.
À tarde, o Tesouro anunciou que o governo central registrou superávit de R$36,527 bilhões em outubro, saldo inferior ao resultado positivo de R$41,046 bilhões obtido no mesmo mês do ano passado.
