Calendário Econômico: Reunião do Copom, produção industrial e balanço da Petrobras
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs ganharam força na tarde desta quarta-feira e fecharam a sessão em alta, acompanhando a disparada dos rendimentos dos Treasuries após o Federal Reserve cortar sua taxa de juros em 25 pontos-base, como esperado, mas colocar em dúvida uma nova redução em dezembro.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2028 estava em 13,175%, em alta de 5 pontos-base ante o ajuste de 13,129% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2035 marcava 13,62%, com elevação de 8 pontos-base ante o ajuste de 13,47%.
Até o anúncio do Fed, às 15h, as taxas dos DIs oscilaram próximas da estabilidade em toda a curva brasileira, mas o cenário mudou após a decisão.
O Fed cortou a taxa de referência em 25 pontos-base, para a faixa entre 3,75% e 4,00%, mas destacou os limites em seu processo de tomada de decisão, à medida que a paralisação do governo dos EUA reduziu o número de indicadores econômicos disponíveis.
A decisão desta quarta-feira também foi dividida: dez membros votaram pelo corte de 25 pontos-base, um membro defendeu redução maior e outro votou pela manutenção da taxa.
Em sua comunicação, o Fed também informou que vai encerrar a redução de seu balanço patrimonial de US$6,6 trilhões, em meio a evidências de que as condições de liquidez do mercado monetário começaram a ficar mais apertadas. A decisão, que já vinha sendo sinalizada pelo chair do Fed, Jerome Powell, representará a normalização da liquidez disponível.
O saldo da decisão do Fed e de sua comunicação foi o fortalecimento dos rendimentos dos Treasuries, em meio à percepção de que um novo corte de juros em dezembro não está garantido.
No início da tarde, a ferramenta CME FedWatch mostrava que os ativos precificavam 87,3% de probabilidade de corte de 25 pontos-base dos juros nos EUA em dezembro. No fim da tarde, já após o anúncio do Fed, o percentual havia caído para 63,4%.
Em entrevista coletiva após a decisão, Powell reforçou essa percepção. Segundo ele, os membros do Fed estão lutando para chegar a um consenso sobre o que está por vir e os mercados financeiros não devem presumir que outro corte de juros ocorrerá no final do ano.
No Brasil, isso deu força às taxas dos DIs, que se firmaram em alta em vários vencimentos. Após marcar a mínima de 13,085% (-4 pontos-base) às 11h14, a taxa do DI para janeiro de 2028 atingiu a máxima de 13,170% (+4 pontos-base) às 16h14.
O fortalecimento das taxas futuras no Brasil ocorreu em paralelo à recuperação do dólar, que também vinha cedendo ante o real antes da decisão do Fed.
Perto do fechamento da sessão a curva brasileira precificava 98% de probabilidade de manutenção da taxa Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, na semana que vem.
No exterior, às 16h45 o rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo -- disparava 12 pontos-base, a 3,61%. Já o retorno do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 9 pontos-base, a 4,072%.
