Taxas dos DIs sobem puxadas por Treasuries e receio sobre tarifas

Publicado 24.07.2025, 16:47
Atualizado 24.07.2025, 16:50
Taxas dos DIs sobem puxadas por Treasuries e receio sobre tarifas

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a quinta-feira em alta, em especial entre os vencimentos mais longos, em meio ao avanço dos rendimentos dos Treasuries no exterior e aos receios de que o governo brasileiro não consiga negociar um acordo comercial com os Estados Unidos e possa adotar medidas retaliatórias, ampliando a crise entre os dois países.

No fim da tarde, a taxa do Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 estava em 14,235%, ante o ajuste de 14,22% da sessão anterior. A taxa para janeiro de 2028 marcava 13,58%, em alta de 4 pontos-base ante o ajuste de 13,542%.

Entre os contratos longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 13,79%, ante 13,721% do ajuste anterior, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 13,91%, em alta de 9 pontos-base ante 13,825%.

O otimismo sobre as negociações comerciais dos EUA com alguns de seus principais parceiros -- após o acordo com o Japão e na iminência de um entendimento com a União Europeia -- deu sustentação aos rendimentos dos Treasuries pela manhã, com investidores desfazendo posições mais defensivas nos títulos norte-americanos.

O viés de alta para as taxas dos títulos era percebido também na Europa, após o Banco Central Europeu (BCE) manter seu juro de referência em 2% ao ano e indicar que está, nas palavras da presidente Christine Lagarde, em “boa posição” para manter a política monetária e observar o que vem pela frente.

Este movimento de alta das taxas dos títulos no exterior deu suporte aos prêmios dos DIs no Brasil. Às 11h13 a taxa do DI para janeiro de 2033 atingiu a máxima de 13,970%, em alta de 15 pontos-base ante o ajuste da véspera.

No início da tarde as taxas futuras encontraram novo suporte, desta vez em alguns comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante evento em Minas Gerais.

“À tarde o mercado reagiu um pouco a falas do presidente Lula. (Foi) um pouco de receio de que, de fato, o Brasil estaria disposto a ‘dobrar a aposta’ caso não chegue a um acordo com os EUA”, comentou durante a tarde a analista Laís Costa, da Empiricus Research. “Mas o movimento foi mais pontual e já devolveu bastante”, acrescentou.

No evento, Lula afirmou que o Brasil está pronto para negociar com os EUA sobre a tarifa de 50%, caso o presidente norte-americano, Donald Trump, queira conversar.

“Ele (Trump) não quer conversar. Se ele quisesse conversar, ele pegava o telefone e me ligava”, disse Lula, indicando em seu discurso que pode elevar a aposta caso Trump esteja blefando. “Eu não sou mineiro, mas eu sou bom de truco. E se ele estiver trucando, ele vai tomar um 6", disse, em referência ao jogo de cartas.

Sobre a possibilidade de reação do Brasil, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, reiterou em entrevista que um plano de contingência, com uma série de medidas, será apresentado a Lula na próxima semana. Segundo Haddad, mais de 10 mil empresas brasileiras serão afetadas pela tarifa de Trump.

Apesar das dúvidas sobre os impactos na economia e na inflação da disputa tarifária, os investidores seguem convictos na manutenção da Selic em 15% ao ano na próxima semana. Perto do fechamento desta quinta-feira a curva brasileira precificava em 97% a probabilidade de manutenção da taxa básica de juros.

Na quarta-feira -- atualização mais recente -- a precificação das opções de Copom negociadas na B3 (BVMF:B3SA3) indicava 96,00% de chances de manutenção da Selic, contra 2,85% de probabilidade de nova alta de 25 pontos-base na próxima semana.

No exterior, às 16h37, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 3 pontos-base, a 4,418%.

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