Arena do Pavini - O Tesouro Nacional anunciou hoje que vai manter suspensos na semana que vem os leilões regulares de títulos públicos e voltará a fazer leilões excepcionais de recompra de papéis prefixados longos, as NTN-F, hoje em poder do mercado. A estratégia busca acalmar os investidores, que não estão conseguindo vender esses títulos e acabam aceitando taxas muito mais altas que podem contaminar todo o mercado.
Em três dias desta semana, desde que começou com a estratégia, o Tesouro recomprou R$ 2,1 bilhões em NTN-F que venciam em 2025, 2027 e 2029. O maior volume foi recomprado hoje, R$ 1,098 bilhão, reflexo da maior pressão das taxas, que chegaram a 11,73% ao ano no prazo mais longo, para 2029, ante 11,10% no fechamento de ontem. É a maior taxa para esse papel desde sua criação no começo deste ano.
Analistas acreditam que o valor recomprado foi pequeno e por isso a reação do mercado foi discreta, apesar da queda das taxas prefixadas. Mas, mantendo esse ritmo na semana que vem, o Tesouro poderá acalmar melhor o mercado de juros, como faz o Banco Central (BC) no mercado de câmbio com seus leilões de swap cambial.
A LTN, papel prefixado com juros somente no fim, subiu de 10,89% ontem para 11,42%, também as maiores taxas do ano e uma das maiores para um papel longo desde maio do ano passado. A alta dos juros obrigou o Tesouro Direto, sistema de venda de títulos públicos via internet, a suspender os negócios por três vezes, passando praticamente o dia todo fora do ar.
As altas são provocadas pela necessidade de fundos ou grandes investidores zerarem suas posições, em meio a um aumento da preocupação com o cenário político e econômico brasileiro. A dificuldade do governo Michel Temer de controlar a greve dos caminhoneiros, que provocou forte impacto na economia e mostrou um Congresso pouco preocupado com as contas públicas e diversos candidatos contrários ao ajuste fiscal aumentam o risco de investir no país.
Os papéis mais longos corrigidos pela inflação, as NTN-B, ou Tesouro IPCA+, atingiram 5,79% ao ano mais IPCA, acima dos 5,64% ao ano reais de ontem. É a maior taxa para esses vencimentos desde junho de 2017.
Por Arena do Pavini