Por Andrew Cawthorne e Eyanir Chinea
CARACAS (Reuters) - A oposição da Venezuela convocou nesta segunda-feira uma greve nacional contra o presidente Nicolás Maduro, em uma escalada de protestos após um grande referendo simbólico durante o fim de semana.
“A hora zero está começando”, disse o líder da oposição Freddy Guevara em nome da coalizão Unidade Democrática, usando jargão militar para uma operação decisiva e acusando o governo esquerdista de fracassar em atender a vontade dos venezuelanos.
“Convocamos o país inteiro na quinta-feira para se juntar maciçamente e pacificamente a uma greve cívica nacional de 24 horas como um mecanismo de pressão e preparação para o aumento definitivo, que será na próxima semana”, acrescentou.
A oposição informou que também tomará medidas para estabelecer um governo de “unidade nacional” e nomear novos juízes alternativos para o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela, pró-Maduro, levantando a possibilidade de uma estrutura estatal paralela.
Após meses de manifestações que levaram a cerca de 100 mortes, a coalizão Unidade Democrática informou ter levado 7,6 milhões de pessoas no domingo para uma votação não oficial com objetivo de deslegitimar um líder que chama de ditador.
Adversários de Maduro estão exigindo uma eleição geral e querem parar o plano do presidente de criar um controverso novo super-órgão legislativo, chamado de Assembleia Constituinte, em votação em 30 de julho.
Caso o plano seja retirado, a oposição estará preparada para dialogar com o governo “sem manipulações e fraudes”, acrescentou Guevara em entrevista coletiva.
A dura estratégia da oposição lembra eventos antes de um curto golpe contra o antecessor e mentor de Maduro, Hugo Chávez, em 2002.
Em três questões no evento de domingo, apoiadores da oposição votaram em maioria – 98 por cento – para rejeitar a nova Assembleia proposta, exigir que o Exército defenda a Constituição existente e apoiar eleições antes que o mandato de Maduro termine.
“EXIBIÇÃO DE FORÇA”
A participação de domingo, relatada em 7,6 milhões de pessoas, se compara aos 7,7 milhões de votos da oposição nas eleições legislativas de 2015, vencida pela maioria dos votos, e 7,3 milhões de votos para a oposição em uma pesquisa presidencial de 2013 vencida estreitamente por Maduro.
Organizadores da oposição disseram que a participação seguiu apenas duas semanas de organização, com votações em somente 2 mil seções, comparadas às 14 mil para a eleição de 2015.
“O resultado é uma notável exibição de força da oposição da Venezuela”, disse a Torino Capital, sediada em Nova York. “Os resultados parecem confirmar que a oposição vai derrotar facilmente o governo em qualquer eleição.”