Por Rodrigo Viga Gaier e Camila Moreira
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - O desemprego no Brasil subiu a 4,8 por cento em novembro, acima do esperado devido à maior procura por vagas em meio a fatores sazonais e fraqueza da economia, porém com a renda média do trabalhador crescendo sobre o mês anterior.
A taxa de novembro segundo a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ficou 0,1 ponto percentual acima da vista em outubro, e interrompeu série de quedas na taxa para o mês que vinha desde 2007.
O resultado superou a mediana das expectativas em pesquisa da Reuters de 4,4 por cento, mas ficou abaixo da taxa mais alta do ano, de 5,1 por cento vista em fevereiro.
"Houve um aumento da procura por trabalho no fim do ano. Parte dos inativos...pode estar pressionando o mercado de trabalho e pode ser também um contingente de jovens indo para mercado, seja para complementar a renda familiar ou para fazer dinheiro para as férias", explicou a pesquisadora do IBGE Adriana Berenguy.
Em novembro, a população desocupada, que são as pessoas sem trabalhar mas à procura de uma oportunidade, avançou 4,4 por cento na comparação mensal, atingindo 1,192 milhão de pessoas. Já a população ocupada cresceu 0,5 por cento sobre outubro, chegando a 23,383 milhões de pessoas.
O diretor de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, Octavio de Barros, cita a normalização da população economicamente ativa (PEA) como destaque para o resultado do mês passado.
Essa taxa subiu 0,6 por cento tanto na comparação com outubro quanto sobre novembro de 2013, para 24,575 milhões de pessoas.
"O baixo patamar da taxa de desemprego nos últimos meses tem sido explicado principalmente pela retração da PEA, o que não condiz com o que é sugerido pela demografia e pela resposta ao ciclo econômico", disse Barros em nota.
CONFIANÇA
O IBGE também informou que a renda média real subiu 0,7 por cento em novembro sobre outubro e avançou 2,7 por cento sobre um ano antes, a 2.148,50 reais.
Embora a taxa de desemprego permaneça em níveis historicamente baixos, o cenário econômico brasileiro fraco somado à inflação elevada e à alta dos juros tem provocado perda de ímpeto do mercado de trabalho, afetando a confiança em geral.
O Brasil teve em novembro a pior abertura de vagas formais de trabalho para o mês, apenas 8.381 postos, de acordo com números do Ministério do Trabalho, com elevadas demissões na construção civil, indústria e agricultura e menor oferta de vagas no setor serviços.
"As pessoas estão escutando que 2015 vai ser difícil, com aumento de vários preços, então faz sentido que se movimentem neste final de ano", avaliou a economista da Tendências Consultoria Alessandra Ribeiro.
Segundo ela, esse pode ser um momento prospectivo e, com a economia muito frágil, a expectativa é de mercado de trabalho fraco no próximo ano.
Pelos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, cujo objetivo é que substitua a PME, a taxa de desemprego ficou estável em 6,8 por cento no terceiro trimestre, com queda no emprego com carteira assinada no setor privado.
Para 2015, a tendência é que o Brasil experimente uma reversão da queda do desemprego e da tendência de ganhos reais de salários, a não ser que haja uma mudança nas expectativas dos empresários.