Por David Shepardson
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve seguir em frente com a imposição de novas tarifas sobre veículos importados, uma medida que pode levar a União Europeia a firmar um novo acordo comercial, disse o presidente da Comissão Financeira do Senado dos EUA, Charles Grassley, na quarta-feira.
“Eu acho que o presidente está inclinado a fazê-lo”, disse o senador republicano a repórteres. “Eu acho que a Europa (está) muito, muito preocupada com essas tarifas... pode ser o instrumento que leve a Europa a negociar”.
O Departamento de Comércio dos EUA deve emitir até o meio de fevereiro sua recomendação sobre se Trump deve impor tarifas de até 25 por cento sobre peças automobilísticas e carros importados por motivos de segurança nacional. Uma porta-voz do departamento se recusou a comentar.
Grassley, que tem frequentemente participado de conversas com Trump e com o representante comercial dos EUA, Robert Lighthizer, sobre questões de comércio, disse não gostar de novas tarifas, mas que “elas são um fato da vida quando Trump está na Casa Branca”.
Ele disse que as tarifas podem ter sido uma “ferramenta efetiva” para levar a China, Canadá e México à mesa de negociações comerciais.
Senador pelo Estado de Iowa, Grassley também quer que a União Europeia concorde em incluir questões agrícolas nas negociações comerciais, embora a comissária de Comércio da UE, Cecilia Malmström, tenha dito na semana passada que o bloco de 28 países não pode negociar a agricultura.
A Casa Branca tem se comprometido a não impor as tarifas contra a União Europeia ou o Japão enquanto estiver alcançando progresso construtivo em conversas comerciais bilaterais.
Trump tem pedido que a União Europeia reduza sua tarifa de 10 por cento sobre veículos importados. A tarifa dos Estados Unidos é de 2,5 por cento sobre carros de passageiros e de 25 por cento sobre caminhões.
Trump tem repetidamente ameaçado impor novas tarifas automobilísticas.
A perspectiva de tarifas de 25 por cento abalou a indústria automobilística, com produtoras norte-americanas e estrangeiras fazendo campanha contra a medida.
Montadoras alemãs se encontraram com Trump em dezembro para pedir que o presidente norte-americano não imponha as tarifas.
Montadoras alegam que tarifas de 25 por cento elevariam o preço cumulativo de veículos norte-americanos em 83 bilhões de dólares por ano e custariam centenas de milhares de empregos. As companhias afirmam que não há nenhuma evidência de que importações de automóveis representem um risco para a segurança nacional.
(Reportagem de David Shepardson)