BUENOS AIRES (Reuters) - A União Europeia precisará fazer concessões se quiser alcançar um acordo comercial com o Mercosul, disse nesta quinta-feira a chanceler alemã, Angela Merkel, em uma entrevista coletiva após encontro com o presidente argentino, Mauricio Macri.
Merkel afirmou que a agricultura alemã tem seus próprios interesses, mas a Alemanha apoia o empenho da Argentina para alcançar um acordo comercial com a UE rapidamente. Ela disse que foi feito "grande progresso".
"Negociar um acordo de livre comércio é sempre uma questão difícil. E a Alemanha nem sempre é um parceiro fácil", declarou Merkel a jornalistas.
"Se houver vontade para assinar um acordo desse tipo ... então devemos também fazer concessões."
Merkel disse que essas concessões teriam que ser cuidadosamente negociadas e provavelmente seriam dolorosas para ambos os lados.
"Certamente ainda há trabalho a fazer, mas estou convencida de que devemos assumir essa tarefa", afirmou.
A ministra argentina das Relações Exteriores, Susana Malcorra, e o embaixador da UE no Brasil, João Cravinho, propuseram na segunda-feira a meta de 2017 para alcançar um acordo comercial.
O Mercosul, que também inclui Uruguai e Paraguai, iniciou negociações com a União Europeia em 1999, rompeu em 2004 e voltou a conversar em 2010.
Macri disse aos jornalistas que o Mercosul está comprometido com um acordo, independentemente da turbulência política no Brasil, e que acredita que o protecionismo na Europa é um obstáculo maior a superar.
"O Brasil está perfeitamente alinhado com essa ideia, nós a compartilhamos com Brasil, Uruguai e Paraguai. Vemos uma oportunidade para chegar a um acordo com a União Europeia após mais de 20 anos dessas conversas", disse Macri.
"Neste sentido, estou muito otimista. Acredito que a chanceler Merkel terá mais trabalho com temas protecionistas contra medidas agrícolas do que teremos dentro do Mercosul."
Na entrevista, Merkel, ao ser questionada sobre a inclinação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, por uma política mais isolacionista, ressaltou que o isolamento dos países gera benefícios a curto prazo, mas não a longo prazo, como demonstra o caso da Argentina.
(Reportagem de Andreas Rinke e Maximillian Heath)