SÃO PAULO (Reuters) - A venda de cimento no Brasil em setembro voltou a cair e o setor espera amargar em 2018 o quarto ano consecutivo de retração, embora espere um início de retomada em 2019, em uma expectativa mais apoiada na esperança de fim de incertezas políticas que têm paralisado o país.
A comercialização de cimento no Brasil caiu 5,6 por cento em setembro, para 4,564 milhões de toneladas, acumulando retração de 2,2 por cento no ano ante mesma etapa de 2017, informou nesta quarta-feira a associação de fabricantes do insumo, Snic.
Com o resultado, a entidade espera que as vendas em todo o ano de 2018 caiam cerca de 2 por cento, acumulando uma retração em quatro anos de 26 por cento.
"Nossa projeção no começo do ano era de crescermos a venda em cerca de 2 por cento em 2018, mas deixamos de entregar cerca de 900 mil toneladas durante a greve dos caminhoneiros e o restante da queda atribuímos ao quadro de lentidão da economia", disse o presidente do Snic, Paulo Camillo Penna.
Segundo ele, a expectativa para 2019 é de crescimento das vendas de 3 a 3,5 por cento. "Na posse de presidente da república sempre se reativa otimismo no país...Os dois candidatos, Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsorano (PSL), consideram a reativação da indústria da construção como primeira ação para a retomada da atividade econômica", disse Penna.
O setor tem uma capacidade de produção de cerca de 100 milhões de toneladas por ano, mas está utilizando 52 por cento desta capacidade, segundo os dados do Snic. Penna comentou que em setembro 20 fábricas de cimento no país estavam paradas e boa parte do restante das 100 unidades produtivas operou a meia carga.
Na avaliação do presidente do Snic, a prioridade do próximo governo deve ser trabalhar para retomar a confiança de consumidores e de investidores privados em um momento em que o quadro fiscal do país não permite desembolsos maciços em infraestrutura e expansão de programas sociais.
"Precisa aumentar a confiança do empresariado. No melhor momento da economia, no início deste ano, todos os indicadores da economia estavam positivos, com exceção de confiança do empresário e do consumidor", disse Penna.
Em setembro, as vendas de cimento caíram em todas as regiões do país na comparação anual, com destaques para retrações de 13,4 por cento da região Sul e de 5,9 por cento no Nordeste. O Sudeste teve queda de 4,1 por cento, a venda no Norte caiu 3,2 por cento e o Centro-Oeste registrou declínio de 0,8 por cento no volume vendido, segundo o Snic.
(Por Alberto Alerigi Jr.)