BRASÍLIA (Reuters) -O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta segunda-feira ser fundamental que o Brasil reverta tendência de queda das previsões de crescimento estrutural para o país, ressaltando que uma perspectiva de crescimento mais baixo com maior gasto com juros afeta o panorama fiscal.
Em palestra no Canal Agro+, Campos Neto destacou que, apesar da surpresa positiva verificada nas contas públicas no fim do ano passado, no longo prazo ainda há incertezas nesse campo.
Ele afirmou que as projeções de crescimento do PIB potencial estavam acima de 2,5% em 2014 e 2015 e hoje estão em quase 1,5%.
"Acho que tem um tema mais fundamental que é o que precisa ser feito para que a gente reverta essa expectativa de crescimento estrutural baixo. O crescimento estrutural alto é o que traz investimento, o dinheiro global hoje procura crescimento estrutural alto com fiscal comportado, esse é o par ordenado que vai trazer o investimento de volta", afirmou.
A tendência inflacionária no país ainda é de alta em meio ao aumento dos núcleos de índices de preços, disse Campos Neto. Globalmente, ele afirmou que será preciso observar como ser dará o processo de normalização da política monetária em um ambiente de inflação mais elevada.
Ao discorrer sobre o crédito agrícola, Campos Neto reiterou que a tendência é que o financiamento subsidiado com recursos públicos seja cada vez mais direcionado a médios e, principalmente, pequenos produtores, enquanto os grandes produtores podem se financiar no mercado de capitais.
Nesse contexto, ele afirmou que o Banco Central está focado no estímulo ao desenvolvimento de novos produtos de financiamento para o setor e que atua para fomentar as agrotechs e também a área de seguro e de mitigação de riscos.
(Por Isabel Versiani e Marcela Ayres; edição de José de Castro)