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ANÁLISE-Cúpula financeira de Paris abre novos caminhos no combate às mudanças climáticas e à pobreza

Publicado 23.06.2023, 17:41
© Reuters. Cúpula para um Novo Pacto de Financiamento Global em Paris
23/06/2023
Lewis Joly/Pool via REUTERS

Por Megan Rowling

BARCELONA (Thomson Reuters Foundation) - Um novo conjunto de promessas dos maiores financiadores de desenvolvimento do mundo, que devem liberar centenas de bilhões de dólares para países mais pobres, aumentou as esperanças de que as comportas financeiras estejam finalmente começando a se abrir no combate às mudanças climáticas e à pobreza.

A "Cúpula para um Novo Pacto de Financiamento Global" esta semana em Paris -- organizada pelo presidente francês, Emmanuel Macron -- visou garantir financiamento para as ações climáticas e para a transição verde, e aliviar o peso da dívida pós-pandemia de coronavírus dos países em desenvolvimento.

O evento na quinta e sexta-feira contou com a presença de mais de 40 chefes de Estado -- muitos deles da África -- e os chefes do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

No final da cúpula, o presidente do Quênia, William Ruto, disse que os líderes presentes "confrontaram a ortodoxia financeira" e deixaram de lado os "interesses nacionais", com a conversa indo além do Norte Global contra o Sul Global, ou sobre quem são os responsáveis pelas mudanças climáticas.

"É sobre todos nós, grandes e pequenos. É sobre nós em nossa diversidade", disse ele a jornalistas. "Trata-se de criar um resultado 'ganha-ganha'."

Desde o início da cúpula, a nação anfitriã, a França, insistiu em um princípio básico fundamental para as reformas e inovações financeiras em discussão -- que "nenhum país deveria ter que escolher entre combater a pobreza e lutar pelo planeta".

Mavis Owusu-Gyamfi, vice-presidente-executiva do Centro Africano de Transformação Econômica, disse que a cúpula foi eficaz em deixar de lado uma divisão de longa data entre financiamento internacional para ação climática e ajuda ao desenvolvimento, e diferentes abordagens para o espinhoso problema de levantar verbas. 

"Tivemos uma percepção muito clara dos líderes de que não queremos mais ter essas tensões", disse ela, acrescentando que mensagens africanas unidas sobre a necessidade de ações imediatas e de um assento à mesa para lidar com esses desafios foram ouvidas. 

Os resultados da reunião incluíram uma série de acordos para países individuais -- nomeadamente um pacote de reestruturação da dívida para a Zâmbia e uma "parceria de transição energética justa" de 2,7 bilhões de dólares para o Senegal -- e alterações à forma como o Banco Mundial e o FMI operam, que terão impactos globais.

Resumindo os resultados da cúpula, Macron disse que "medidas concretas" acordadas ou avançadas no evento devem totalizar pelo menos 400 bilhões de dólares em novos financiamentos -- em grande parte empréstimos baratos -- para ajudar os países a combater a pobreza e as mudanças climáticas.

Também houve movimentos do Banco Mundial e de outros para liberar mais financiamento para que países vulneráveis se recuperem de desastres climáticos, por meio da suspensão do pagamento de dívidas quando ocorrem condições climáticas extremas.

E mais de 20 países se comprometeram, nos bastidores, a apoiar um imposto internacional sobre a indústria naval -- que pode ser adotado pela Organização Marítima Internacional em julho -- com parte dos recursos provavelmente sendo destinados para lidar com as crescentes perdas e danos causados pelo aquecimento global.

Muitas das medidas de reforma financeira foram propostas por Barbados, cuja líder, Mia Mottley, disse que os governos estão deixando Paris com "o compromisso de entrar nos detalhes granulares para garantir que o que concordamos aqui possa ser executado".

Especialistas em clima e financiamento do desenvolvimento apontaram para uma série de cúpulas e reuniões internacionais antes da próxima conferência climática da ONU, a COP28, em Dubai em dezembro, na qual as ideias endossadas em Paris poderiam ser levadas adiante, começando com uma cúpula climática africana em Nairóbi em setembro.

“Vimos uma grande mudança no nível da conversa como resultado da atenção política que veio desta cúpula (de Paris)”, disse Alex Scott, líder de diplomacia climática do think tank E3G.

"Podemos transformar isso em um escrutínio do que foi prometido pelos líderes (aqui)... No geral, isso aumentou as expectativas de uma mudança muito mais radical no sistema de financiamento internacional do que pensávamos ser possível um ano atrás."

Muitos ativistas pela justiça climática disseram que, embora a cúpula tenha feito algum progresso para melhorar a forma como os gigantes do financiamento do desenvolvimento operam, as nações ricas não se envolveram o suficiente em Paris, com os líderes de EUA, Canadá e Reino Unido visivelmente ausentes.

© Reuters. Cúpula para um Novo Pacto de Financiamento Global em Paris
23/06/2023
Lewis Joly/Pool via REUTERS

Macron disse que as nações doadoras devem cumprir este ano uma promessa pendente de entregar 100 bilhões de dólares anuais em financiamento climático às nações mais pobres para ajudá-las a adotar energia limpa e se adaptar a um planeta mais quente, uma meta que deveriam cumprir desde 2020 -- e que se tornou uma fonte de desconfiança.

Mas Rachel Cleetus, economista-chefe e diretora de políticas do programa de clima e energia da União de Cientistas Preocupados, disse que muito mais é necessário além do cumprimento das promessas existentes.

"Os líderes do Sul Global ofereceram soluções ousadas e inovadoras, mas não obtiveram a resposta que mereciam daqueles que estão no poder”.

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