Por Elizabeth Piper e Kate Holton
LONDRES (Reuters) - Um ministro britânico defendeu a maneira como o governo do Reino Unido lidou com a pandemia de Covid-19, ao mesmo tempo que admitiu nesta quarta-feira que alguns erros podem ter sido cometidos, um dia depois de quase 100 parlamentares conservadores causarem um revés ao primeiro-ministro Boris Johnson votando contra novas restrições.
O ministro dos Transportes, Grant Shapps, procurou minimizar o que foi a maior rebelião contra o governo Johnson da parte de parlamentares de seu próprio partido, dizendo que não é surpreendente que existam opiniões diferentes sobre as restrições, consideradas draconianas por muitos conservadores.
Ele ressaltou que as medidas, que foram implantadas em reação à nova variante Ômicron do coronavírus e incluem ordens para que as pessoas usem máscaras em locais públicos e exibam passes de Covid-19 para ter acesso a certas instalações, foram aprovadas, apesar de grande parte do apoio parlamentar ter vindo do opositor Partido Trabalhista.
Mas a recusa de dezenas de parlamentares conservadores a endossar Johnson, apesar de um dia de pressões, sublinha a profundidade da indignação não somente com as novas regras da Covid-19, mas também com uma série de escândalos que assolam seu governo.
Shapps disse que é duro governar durante uma pandemia, mas que, embora os ministros nem sempre tenham agido certo, em muitas outras ocasiões o fizeram, o que inclui o apelo de Johnson no domingo para que as pessoas recebam vacinas de reforço para se protegerem do que classificou como uma "onda gigante" de infecções pela Ômicron.
O Reino Unido relatou 59.610 infecções novas de Covid-19 na terça-feira, a cifra mais alta desde janeiro e a quinta mais alta durante a pandemia.
"Governar é difícil, especialmente com algo como o coronavírus, não existe um livro didático, não existe manual para se consultar", disse Shapps à rede Sky News.
"Acho que este governo terá feito algumas coisas que não acertamos quanto ao coronavírus, também fizemos algumas coisas que acertamos na mosca", disse.
A votação de terça-feira aumenta a pressão sobre Johnson, já alvo de críticas devido a escândalos como supostas festas em seu escritório de Downing Street no ano passado, quando tais reuniões estavam proibidas, e um reforma custosa de seu apartamento.
Ela ainda precede uma eleição na quinta-feira no centro da Inglaterra, um bastião tradicional dos conservadores que pode ser perdido para os Liberal Democratas, segundo alguns parlamentares.