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As eleições francesas são realmente um risco para os mercados?

Publicado 22.04.2022, 08:10
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Por Carlos González, do Investing.com Espanha

Investing.com -- À primeira vista, o segundo turno das eleições francesas, que acontecerá amanhã, apresenta menos riscos e perigos do que, por exemplo, as eleições anteriores em 2017, quando a candidata de extrema-direita Marine Le Pen defendeu abertamente a Frexit (nota do editor: a saída da França da União Europeia, seguindo a retirada britânica do bloco em 2016). Além disso, parece provável que nenhum deles consiga obter a maioria na Assembleia Nacional, logo o vencedor teria de fazer concessões para obter uma maioria parlamentar para aprovar seus projetos.

Nesse sentido, Benjamin Melman, Global CIO Asset Management de Edmond de Rothschild, delineou as principais diferenças entre os dois candidatos a presidir a República Francesa a partir da próxima segunda-feira.

Como os programas econômicos dos candidatos são semelhantes e como eles são diferentes?

Melman indica que ambos os candidatos prometem “fazer mudanças importantes e seus programas compartilham algumas medidas, como a redução de impostos sobre a produção e imposto sobre herança e a abolição das licenças de televisão. No entanto, o plano de Marine Le Pen de nacionalizar as rodovias é um elemento diferenciador. A medida obviamente teria um grande impacto nas empresas afetadas. E os gastos necessários para iniciar suas medidas afetariam seriamente as finanças do governo, que já foram atingidas pelos recentes pacotes de estímulo. Quanto ao atual presidente Emmanuel Macron, sua promessa de cortar impostos seria parcialmente compensada pela reforma previdenciária."

A realidade é que há pouca margem de manobra orçamental com um déficit francês de 6,5% do PIB em 2021. Assim, continua Melman, “com o Banco Central Europeu (BCE) a reduzir o seu apoio à liquidez, as finanças públicas vão agora desempenhar um papel mais importante na dinâmica do spreads de títulos. Dito isso, não esperamos que os mercados reajam exageradamente, pelo menos inicialmente: afinal, são promessas eleitorais, e certamente se ajustarão quando uma nova maioria parlamentar se formar. Em suma, questões macroeconômicas não são o que nos interessa atualmente.”

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A posição sobre a Europa fará a diferença?

Ao contrário das eleições anteriores, Marine Le Pen quase não deu protagonismo à Europa, embora, segundo o CIO Global Asset Management de Edmond de Rothschild, "algumas partes do seu programa levantem questões: a reintrodução de controles fronteiriços, a diminuição das contribuições financeiras francesas para a Comissão Europeia e o fim da primazia do direito da União Europeia sobre o direito francês vão contra os processos da União Europeia”.

Assim, mesmo nos colocando no caso hipotético de que Le Pen vença as eleições e alcance uma maioria parlamentar que funcione, “quase não há chance de que a maioria dos países da UE os aceite e mesmo aqueles que o fizeram não estariam totalmente OK”. diz Benjamin Melman.

Além disso, continua Melman, “a Hungria e a Polônia, por exemplo, são os mais favoráveis ​​ao restabelecimento da primazia da lei nacional sobre a da UE, mas os mais contrários aos cortes nas contribuições financeiras para Bruxelas. Neste caso específico, as instituições europeias, que são a base da moeda única, podem ficar paralisadas. Uma vitória de Marine Le Pen também alimentaria a volatilidade tanto da dívida pública francesa quanto da dívida soberana de países periféricos, como a Itália. Os prêmios do Bund alemão continuariam a subir até que o risco de paralisia diminuísse."

E o que o mercado pensa?

Apesar de a diferença nas pesquisas entre os dois candidatos ser pequena, Melman destaca que “os spreads entre o título soberano francês (OAT) e o Bund alemão são, no momento, metade dos de 2017, quando houve havia mais incerteza sobre ambos os candidatos. Olhando para os mercados de ações, o CAC 40 teve um ou dois pregões mais voláteis do que o resto da Europa.”

Assim, Melman destaca que, "qualquer virada do risco político europeu que ainda não seja descontado pelos mercados depende de Marine Le Pen:

1.- Vitória,

2.- Obter maioria parlamentar para formar governo e depois

3.- Manter seus objetivos em relação à Europa”.

Por isso, Melman confirma que "são tantos "se" que a probabilidade desse cenário é baixa".

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