IPCA-15: Inflação sobe, mas Banco Central ainda não precisa de calmantes

Publicado 25.09.2025, 14:40
Atualizado 25.09.2025, 14:40

O IPCA-15 de setembro, publicado dia 25/09/2025 pelo IBGE, subiu 0,48%, encerrando a breve deflação de agosto com um retorno triunfal, ou pelo menos incômodo. A inflação voltou, puxada pela energia elétrica, que resolveu lembrar ao brasileiro que o conforto tem preço, e que esse preço sobe quando o bônus de Itaipu sai de cena e a bandeira tarifária vermelha patamar 2 entra em ação com seus R$ 7,87 por 100 kWh consumidos.

Com esse resultado, o índice acumula alta de 3,76% no ano e 5,32% em 12 meses. Nada desesperador, mas também nada que permita ao Copom dormir tranquilo sem o travesseiro da cautela.

O grupo Habitação foi dos grandes protagonistas do mês, com alta de 3,31% e impacto de 0,50 ponto percentual no índice geral. A energia elétrica residencial subiu 12,17%, sendo responsável sozinha por 0,47 p.p. do IPCA-15. Além disso, tivemos reajustes em água e esgoto em Salvador, gás encanado em Curitiba e Belém, e até o retorno da tarifa cheia em algumas regiões. Ou seja, o brasileiro pagou mais para tomar banho, lavar roupa e acender a luz, e ainda teve que ouvir que isso é “normal”.

O grupo Alimentação e Bebidas caiu 0,35%, marcando a quarta queda consecutiva. Mas não se engane: isso não significa que o brasileiro está comendo melhor. O tomate despencou 17,49%, a cebola caiu 8,65%, o arroz 2,91% e o café moído 1,81%. A alimentação no domicílio recuou 0,63%, enquanto a fora do domicílio subiu 0,36%, mas desacelerando em relação a agosto. Em resumo: comer em casa ficou mais barato, mas comer fora continua sendo um luxo com reajuste moderado.

Nos demais grupos, temos o desfile da inflação silenciosa, aquela que não grita, mas incomoda. O vestuário subiu 0,97%, com destaque para roupas femininas (1,19%) e calçados (1,02%), provando que a moda não conhece crise, mesmo quando o bolso pede socorro. Saúde e Cuidados Pessoais avançou 0,36%, puxado pelos planos de saúde (0,50%), porque adoecer no Brasil continua sendo um luxo. Despesas Pessoais tiveram alta de 0,20%, enquanto Educação subiu 0,03%. Já Comunicação caiu 0,08%, talvez resultado de operadoras tentando parecer mais simpáticas.

No lado das quedas, além da alimentação, o grupo Transportes recuou 0,25%, com destaque para o seguro de veículos (-5,95%) e passagens aéreas (-2,61%). Combustíveis também contribuíram: gasolina caiu 0,13%, gás veicular 1,55%, enquanto diesel e etanol subiram discretamente, como quem não quer chamar atenção. É a típica inflação que se esconde nos detalhes, mas que o consumidor sente no fim do mês, quando percebe que o salário continua o mesmo, mas o carrinho do mercado e o tanque do carro parecem cada vez menores.

Apesar da alta, o índice veio abaixo das projeções do mercado (entre 0,51% e 0,52%), o que reforça a tese de que o Banco Central pode manter a Selic em 15% por mais tempo. A composição do índice foi considerada benigna, com núcleos mostrando desaceleração. O Boletim Focus manteve a projeção de inflação para 2025 em 4,83%, e para 2026 em 4,29%.

O tom do BC continua sendo de cautela com um leve sorriso. A ata da última reunião foi menos rígida que o comunicado, mas o Relatório Trimestral de Inflação ainda aponta um cenário desafiador. A expectativa é que os cortes comecem em janeiro de 2026, com uma redução inicial de 0,5 p.p., levando a Selic para 14,5%. Até lá, seguimos com juros altos e esperança moderada.

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