BRASÍLIA (Reuters) - A balança comercial brasileira registrou superávit de 8,776 bilhões de dólares em novembro, resultado mais alto para o mês da série histórica iniciada em 1989, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados nesta sexta-feira.
O desempenho, que representa uma alta de 41,5% na comparação com o saldo de novembro de 2022, foi explicado por uma queda de 11,2% no valor das importações, a 19,044 bilhões de dólares, ao passo que as exportações registraram uma alta de 0,6%, a 27,820 bilhões de dólares -- também recorde para o mês.
Pesquisa da Reuters com economistas apontava expectativa similar para o dado do mês, com projeção de um saldo positivo de 9 bilhões de dólares. Em outubro de 2022, o país havia registrado resultado positivo de 6,2 bilhões de dólares.
O valor das exportações em outubro ficou próximo à estabilidade diante de uma alta de 22,3% no valor das vendas ao exterior da agropecuária e de 3,2% da indústria extrativa, ganho que foi quase totalmente compensado pelo recuo de 7,2% nos embarques da indústria de transformação.
A variação dos fluxos comerciais no mês sofreu influência significativa da queda das cotações dos produtos vendidos. O recuo dos preços foi de 4% nas exportações e de 9% no caso das importações, em comparação com período equivalente de 2022.
O diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior da pasta, Herlon Brandão, ponderou que o movimento de queda nos preços vem arrefecendo. Ele citou o minério de ferro, que estava com cotações em queda, mas recentemente passou a subir.Os dados da Secex mostraram ainda que o saldo comercial acumulado no ano até novembro foi de 89,285 bilhões de dólares, 56% maior que o observado no mesmo período de 2022. O desempenho foi resultado de exportações de 310,608 bilhões de dólares e importações de 221,323 bilhões de dólares.
A China vem ampliando sua presença na pauta exportadora brasileira, atingindo uma participação de 31,1% dos embarques brasileiros no acumulado do ano, ante 27,4% no mesmo período do ano passado. Por outro lado, houve redução da participação de União Europeia, Estados Unidos e América do Sul.
Perto do fechamento de 2023, Brandão afirmou que o saldo da balança comercial está vindo acima do esperado e pode superar a atual projeção do governo para o ano, estimada em outubro em superávit de 84,7 bilhões de dólares.
Segundo ele, as exportações estão crescendo ligeiramente acima da expectativa, enquanto as importações estão caindo um pouco mais que o esperado.
Brandão disse que as projeções para 2024 devem ser divulgadas em janeiro, ressaltando que as expectativas não devem ser melhores que as deste ano porque além de ser difícil manter taxas elevadas de crescimento por muito tempo, a safra não deve ser tão positiva quanto em 2023 e o mundo tende a registrar atividade mais fraca com o cenário de juros elevados.
MUDANÇA NA DIVULGAÇÃO
A secretaria ainda informou que fará uma mudança nas divulgações da balança comercial. A partir de janeiro, em vez de apresentar dados preliminares no primeiro dia útil de cada mês, a pasta divulgará até o quinto dia útil dados já consolidados.
A próxima divulgação mensal, relativa a dezembro, será no dia 5 de janeiro, não no dia 2. Segundo a pasta, os resultados preliminares semanais continuarão sendo divulgados às segundas-feiras, com exceção da última semana do mês, que sairá junto com o dado mensal consolidado.
(Por Bernardo Caram)