Por José de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central fará na quinta-feira, dia 12 de março, oferta líquida de até 1,5 bilhão de dólares em moeda à vista, voltando a recorrer a essa ferramenta depois de nesta quarta ter utilizado contratos de swap cambial, numa sessão marcada por preocupações globais e reveses domésticos do lado fiscal que fizeram o dólar futuro saltar quase 4% e superar 4,80 reais.
O lote de até 1,5 bilhão de dólares em moeda à vista será ofertado entre 9h10 e 9h15.
O BC voltou a oferecer recursos das reservas nesta semana diante da disparada da volatilidade e da tensão no mercado de câmbio, seguindo deterioração nos mercados internacionais.
Apenas nesta semana, a autoridade monetária já vendeu 5,465 bilhões em dólar à vista, sendo 2 bilhões de dólares na terça-feira e 3,465 bilhões de dólares na segunda-feira --este o maior volume a ser liquidado em um único dia desde pelo menos o começo de maio de 2009.
Antes da atual rodada de leilões, desde 20 de dezembro do ano passado o BC não realizava esse tipo de operação --retomada em agosto de 2019 depois de uma década sem ser utilizada.
Entre agosto e dezembro de 2019, o BC colocou no mercado um total de 36,860 bilhões de dólares em moeda física.
Os atuais leilões de dólar das reservas têm ocorrido de forma alternada a ofertas de swap cambial. Nesta quarta, o BC vendeu todo o lote de 1 bilhão de dólares disponibilizado em swaps tradicionais --derivativo cuja colocação equivale a uma venda de dólar no mercado futuro de câmbio.
Neste ano, o BC já vendeu o equivalente a 10,50 bilhões de dólares em swaps cambiais --todo esse montante em colocações líquidas, ou seja, na forma de dinheiro novo.
Na segunda-feira, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, disse que Banco Central interviria no câmbio com instrumentos e montante necessários para acalmar o mercado e promover a funcionalidade das operações.
O leilão de até 1,5 bilhão de dólares à vista previsto para quinta ocorrerá após o dólar interbancário subir 1,6% nesta quarta, enquanto contratos de dólar futuro na B3 saltarem quase 4%.
Além do exterior arisco, a pressão no mercado futuro, especialmente, refletiu um mau humor após sinais de acirramento na relação entre Congresso e Executivo, depois que parlamentares derrubaram veto presidencial a projeto que amplia o acesso ao BPC, com impacto estimado em 20 bilhões de reais no primeiro ano.
(Reportagem adicional de Marcela Ayres)