Por David Brunnstrom e Michael Martina e Yew Lun Tian
WASHINGTON/PEQUIM (Reuters) - Os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, tiveram sua primeira conversa telefônica como líderes, e enquanto Biden disse que um Indo-Pacífico livre e aberto é uma prioridade, Xi alertou que um confronto seria um "desastre" para as duas nações.
Biden também sublinhou suas "preocupações fundamentais com as práticas coercitivas e injustas de Pequim, sua repressão em Hong Kong, supostos abusos de direitos humanos em Xinjiang e ações cada vez mais impositivas na região, inclusive em relação a Taiwan", disse a Casa Branca em um comunicado.
Xi disse a Biden que um confronto seria um "desastre" e que os dois lados deveriam restabelecer as maneiras de evitar erros de julgamento, de acordo com o relato feito pelo Ministério das Relações Exteriores chinês da conversa, que ocorreu na manhã desta quinta-feira no horário de Pequim, mas na noite de quarta-feira nos EUA.
O líder chinês manteve a linha dura quanto a Hong Kong, Xinjiang e Taiwan, que Xi disse a Biden serem questões de "soberania e integridade territorial" que ele espera que os EUA tratem com cautela.
O governo de Taiwan, que se queixa dos exercícios militares chineses frequentes perto da ilha democrática reivindicada por Pequim, agradeceu Biden por expressar sua preocupação.
O telefonema foi o primeiro entre Xi e um presidente norte-americano desde que o líder chinês conversou com o ex-presidente Donald Trump em março do ano passado. Desde então, as relações entre os dois países atingiram seu pior nível em décadas, e Trump chegou a culpar a China pela pandemia de Covid-19.
Durante o governo Trump, os EUA lançaram uma série de ações contra a China, incluindo uma guerra comercial, sanções contra autoridades e empresas chinesas consideradas ameaças de segurança, e contestaram as reivindicações territoriais de Pequim sobre o Mar do Sul da China.
Xi parabenizou Biden por sua eleição em uma mensagem em novembro, embora Biden o tenha chamado de "bandido" durante a campanha e prometido liderar um esforço internacional para "pressionar, isolar e punir a China".
Autoridades chinesas expressam a esperança contida de que as relações bilaterais melhorarão com Biden, e exortaram Washington a buscar um meio-termo com Pequim.
Os relatos norte-americano e chinês do telefonema mencionaram áreas de cooperação em potencial, com destaques para a mudança climática e o combate à pandemia de Covid-19.
(Por David Brunnstrom e Michael Martina em Washington e Yew Lun Tian em Pequim; reportagem adicional de Ben Blanchard em Taipé)