Por Trevor Hunnicutt
WASHINGTON (Reuters) - O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, apresentará sua visão fiscal para o país nesta segunda-feira, revelando uma lista de desejos de gastos que é tanto um discurso eleitoral quanto uma proposta real.
O anúncio do orçamento de Biden para o ano fiscal que começa em outubro vem dias após o discurso do democrata sobre o Estado da União, no qual ele atacou duramente os valores de seu provável oponente republicano na eleição de novembro, Donald Trump. Biden viaja para o Estado de New Hampshire nesta segunda-feira.
Espera-se que o orçamento do presidente inclua uma promessa de cortar o déficit anual em 3 trilhões de dólares ao longo de 10 anos, desacelerando, mas não interrompendo, o crescimento da dívida nacional de 34,5 trilhões de dólares.
Renovando uma promessa de campanha de 2020, Biden quer aumentar os impostos mínimos corporativos, cortar as deduções para salários de executivos e jatos corporativos e permitir que o governo negocie preços mais baixos de medicamentos. O dinheiro extra poderia financiar novos créditos fiscais para compradores de imóveis, subsídios ampliados para a saúde e mais fiscalização nas fronteiras.
Os orçamentos da Casa Branca são sempre uma espécie de lista de desejos presidenciais, mas isso se torna ainda mais evidente no atual clima político. As agências federais dos EUA estão operando sem um orçamento para todo o ano de 2024, depois que republicanos extremistas rejeitaram um nível de gastos acordado, com os dois partidos bastante divididos sobre como gastar cerca de 6 trilhões de dólares em financiamento anual.
Pesquisas de opinião mostram que os eleitores estão preocupados com os gastos do governo fomentados por dívidas, com os altos custos e a economia em geral e com as travessias ilegais das fronteiras, além de exibirem amplo apoio à taxação dos ricos.
O governo dos EUA gasta mais do que arrecada a cada ano, e a maior parte vai para os chamados programas obrigatórios e programas militares, que os parlamentares provavelmente não cortarão.
Na quinta-feira, os republicanos da Câmara dos Deputados publicaram um plano que visa equilibrar o orçamento federal em uma década, cortando 14 trilhões de dólares em gastos federais, incluindo subsídios à energia verde e perdão de empréstimos estudantis, e reduzindo os impostos. A Casa Branca considerou o plano impraticável.
Meses após o prazo final de outubro, o Congresso ainda não aprovou o financiamento total para as agências federais ao ano corrente e tem congelado o pedido de Biden de fundos adicionais de emergência para apoiar Ucrânia, Israel e Taiwan.
A proposta orçamentária de Biden no ano passado resultou em um impasse com os republicanos sobre os gastos anuais do governo federal, que agora são de 6,13 trilhões de dólares.
O impasse resultou em um acordo de dois anos para limitar os gastos, a destituição do presidente da Câmara dos Deputados, Kevin McCarthy, e a retirada da recomendação AA do país pela agência de classificação de risco Fitch.