Agência Brasil - Depois de um dia de perdas históricas e pânico global, a Bolsa de Valores recuperou parte das perdas, e o dólar teve a maior queda diária em seis meses. O dólar comercial encerrou esta terça-feira (10) vendido a R$ 4,646, com recuo de R$ 0,08 (-1,69%). Em termos percentuais, foi a maior queda diária desde 4 de setembro do ano passado, quando a divisa tinha caído 1,79%.
Pelo segundo dia seguido, o Banco Central (BC) vendeu dólares das reservas internacionais para acalmar o mercado. A autoridade monetária vendeu US$ 2 bilhões no mercado à vista. Para amanhã (11), o BC anunciou a venda de US$ 1 bilhão em contratos de swap cambial, que funcionam como venda de dólares no mercado futuro. O dólar acumula alta de 15,77% em 2020.
Depois de ter recuado 12,17% ontem (9), o índice Ibovespa fechou o dia com alta de 7,14%, aos 92.214 pontos, maior alta para um único dia desde janeiro de 2009. As ações da Petrobras (SA:PETR3), que caíram quase 30% ontem, também se recuperaram. Os papéis ordinários (com voto em assembleia de acionistas) fecharam o dia com alta de 8,51%. Os papéis preferenciais (com preferência na distribuição de dividendos) valorizaram-se 9,41%.
As cotações do petróleo internacional também subiram. O barril do tipo Brent, que caiu cerca de 26% ontem, valorizou-se 9,84% hoje, para US$ 37,84.
Petróleo
Os mercados de todo o planeta, que nas últimas semanas têm atravessado momentos de instabilidade por causa dos receios de uma recessão global provocada pelo coronavírus, enfrentam a disputa de preços entre Arábia Saudita e Rússia em torno do petróleo. Membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Arábia Saudita aumentou a produção depois que o governo de Vladimir Putin decidiu não aderir a um acordo para reduzir a extração em todo o mundo.
Para o Brasil, a queda no barril de petróleo afeta as ações da Petrobras, a maior empresa brasileira capitalizada na bolsa. Segundo a própria Petrobras, a extração do petróleo na camada pré-sal só é viável quando a cotação do barril está acima de US$ 45.
Consequências
A queda nas cotações do barril de petróleo traz outras consequências para a economia brasileira. Caso os preços baixos se mantenham, a Petrobras repassará a queda do preço internacional para a gasolina e o diesel. Se, por um lado, a queda beneficia os consumidores; por outro, prejudica o setor de etanol, que perde competitividade.
Os preços mais baixos diminuem a arrecadação de royalties do petróleo e a arrecadação de Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), o principal tributo estadual, em um momento em que diversos estados enfrentam dificuldades financeiras.