Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro recuou e anunciou nesta quinta-feira que irá demitir mais uma vez o ex-secretário-executivo da Casa Civil Vicente Santini, exonerado na terça e recontratado em outro cargo na quarta, além de também demitir o substituto de Santini e ainda retirar o Programa de Parcerias de Investimentos (PPI) da Casa Civil.
"Informo que em Diário Oficial será publicado: tornar sem efeito a admissão do servidor Santini; exonerar o interino da Casa Civil; passar p PPI da Casa Civil para o Ministério da Economia", escreveu o presidente em suas redes sociais no início da manhã.
A decisão de Bolsonaro ataca a parte central da Casa Civil e enfraquece ainda mais o ministro da pasta, Onyx Lorenzoni. De férias, Onyx perdeu dois servidores de confiança e o programa que hoje é a espinha dorsal da Casa Civil, o PPI.
Depois de perder a articulação política para a Secretaria de Governo, Onyx levou em troca o PPI. Sem o programa, a Casa Civil perde boa parte do seu poder. Uma fonte palaciana ouvida pela Reuters admitiu que a situação do ministro é delicada.
Santini havia sido demitido por Bolsonaro na terça-feira do cargo de secretário-executivo da Casa Civil por ter usado um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para ir de Davos à Índia --onde se uniu à comitiva presidencial-- enquanto estava como ministro interino. Bolsonaro classificou de "imoral" a ação do subordinado.
No dia seguinte, Santini foi readmitido, como assessor especial da Secretaria de Relacionamento Externo da Casa Civil.
De acordo com a fonte ouvida pela Reuters, Bolsonaro conversou com Santini na tarde de quarta-feira, a pedido dos filhos, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o senador Flávio Bolsonaro (sem-partido-RJ), e se convenceu que o servidor não teve má intenção no uso da aeronave da FAB. O presidente, então, autorizou a recontratação de Santini em outro cargo.
No entanto, a forte reação à decisão nas redes sociais, com críticas inclusive de partidários do presidente, o levou a recuar da decisão. Mais do que isso, Bolsonaro atacou diretamente a estrutura da Casa Civil.
Fernando Moura, sub de Santini que assumiu a secretaria-executiva em seu lugar e assinou sua readmissão, terminou sendo demitido também.
Segundo a fonte ouvida pela Reuters, Bolsonaro tirou a administração do PPI de Onyx sob pressão do ministro da Economia, Paulo Guedes. Interessado em acelerar os programas de privatização, Guedes agora ficará com o programa sob seu controle, no guarda-chuva da Secretaria de Desestatização, e abocanha mais uma fatia de poder no governo.