BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro levantou mais uma vez dúvidas sobre a conclusão do inquérito da Polícia Federal apontando que Adélio Bispo agiu sozinho quando o atacou com uma faca durante a campanha eleitoral do ano passado, e afirmou, nesta quarta-feira, que está disposto a conversar com Adélio se ele "abrir o jogo" sobre o crime.
"Ele agora vai para o manicômio, prisão perpétua. Ele tem a chance de falar agora. Eu estou me dispondo a ele, se ele quiser conversar comigo, abrir o jogo, eu vou conversar com ele, com familiar dele. Com advogado não converso", disse o presidente ao sair do Palácio da Alvorada para uma viagem a Anápolis (GO).
A conclusão do inquérito da PF foi de que Adélio agiu por conta própria ao atacar o presidente com uma faca em Juiz de Fora (MG), ainda durante a campanha eleitoral. Laudos psicológicos posteriores apontaram ainda que o homem teria problemas mentais.
Na semana passada, a Justiça decidiu pela condenação de Adélio à internação em uma clínica psiquiátrica. Os advogados de Bolsonaro não recorreram e a sentença foi confirmada. Segundo o próprio presidente, não foi apresentado recurso porque se Adélio fosse julgado por tentativa de homicídio estaria solto em pouco tempo. A sentença de internação não tem prazo e a dispensa é feita depois de avaliações médicas periódicas.
Bolsonaro insistiu que Adélio "tem o que falar" e que pode ser morto como "queima de arquivo".
"Não, não é visitar. Visita eu vou visitar minha mãe. Eu vou lá para ele me contar o que aconteceu", disse. "Então eu estou dando uma chance a ele, porque ele está condenado. E ele com toda certeza tem o que falar. Alguém acredita que ele está maluco? Se estivesse maluco estava esfaqueando todo mundo, não só eu."
Mais uma vez, apesar de não terem sido encontrados indícios, o presidente acusou partidos de esquerda de tramarem contra sua vida.
"É um jogo de poder por parte da esquerda, que sempre buscou o poder absoluto não interessa como. Os métodos, os meios, valem para tudo para chegar. Eu estou atrapalhando muita gente? Estou. Repito: até hoje não chegou ninguém para dizer 'muda essa vírgula desse decreto que a gente conversa lá fora'".
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)