Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), disse que os pobres no país foram acostumados ao longo dos anos a não aprender uma profissão e que seu governo age de forma diferente, citando a lei da liberdade econômica como estímulo para as pessoas empreenderem.
"Tirar pessoas da linha da pobreza é um trabalho gigantesco. São pessoas que foram, ao longo dos anos, acostumadas a não se preocupar ou o Estado negar uma forma de ela aprender uma profissão. Nós pensamos e trabalhamos de forma exatamente diferente", disse.
O presidente deu essas declarações em entrevista à emissora católica Rede Vida na quarta-feira à noite.
Bolsonaro afirmou que criou no seu governo o Auxílio Brasil que garante o pagamento no momento de 600 reais por mês para uma pessoa, benefício esse que pode ser mantido por pelo menos dois anos mesmo se a pessoa estiver empregada.
O candidato à reeleição rebateu o número de pessoas que passam fome no Brasil.
Os dados que têm sido questionados por Bolsonaro e também por outros integrantes do governo fazem parte do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, que mostrou em meados deste ano que o número de brasileiros que convivem com a fome chegou a 33 milhões no final de 2021 e início de 2022.
Para Bolsonaro, "não é esse número todo" de pessoas que passam fome, e disse que aquelas que vivem abaixo da linha da pobreza podem recorrer ao Auxílio Brasil.
ATIVISMO DO JUDICIÁRIO
O presidente disse que não tem problema com o Congresso Nacional, mas disse que o Judiciário, em particular o Supremo Tribunal Federal (STF), se coloca como um Poder completamente diferente.
"Eles têm um ativismo muito forte, o último foi mexer nos decretos", reclamou ele, numa referência indireta à liminar do ministro Edson Fachin, confirmada por colegas no plenário virtual, que restringiu o alcance de decretos do governo que flexibilização o porte e a posse de armas, além da compra de munições.
Bolsonaro também fez uma crítica indireta ao ministro do STF Alexandre de Moraes e, sem dar detalhes, disse que iria resolver a situação caso seja reeleito.
"Inquéritos abertos sem participação do Ministério Público, que está completamente isolado por parte de um ministro do Supremo. Isso tem que ser resolvido, acredito que depois das eleições a gente resolve essa parada aí", afirmou.
Um dos inquéritos que estaria nessa situação mencionada por Bolsonaro é o que levou recentemente a uma operação de busca e apreensão pela Polícia Federal contra empresários bolsonaristas. Moraes é o relator dessa investigação que apura a organização e financiamento a atos antidemocráticos.