SÃO PAULO (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro disse na noite de quinta-feira que o Supremo Tribunal Federal (STF) interfere em outros Poderes, após o ministro Luís Roberto Barroso determinar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado para investigar a gestão da pandemia de Covid-19 no Brasil.
Em entrevista à CNN Brasil na noite de quinta, o presidente também reclamou da decisão da corte de permitir que Estados e municípios proíbam a realização de cultos religiosos para evitar aglomerações e tentar frear a disseminação do coronavírus.
"Não há duvida que há uma interferência do Supremo em todos os Poderes", disse o presidente à emissora, lembrando que existem no Senado pedidos de impeachment contra ministros da Suprema Corte.
Na noite de quinta, Barroso determinou a instalação pelo Senado da CPI da Covid, que terá como objetivo apurar supostas omissões do governo federal no enfrentamento à pandemia, em decisão vista pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), como equivocada e que poderá atrapalhar os esforços de combate à doença.
Na liminar, o ministro destacou que a Constituição estabelece que as CPIs devem ser instaladas quando há assinatura de um terço dos integrantes da Casa, além de indicação de fato determinado a ser apurado.
Sobre a decisão do Supremo de, por 9 votos a 2, permitir que Estados e municípios proíbam a realização de cultos religiosos, Bolsonaro defendeu a abertura dos templos e, ao contrário do que afirmam especialistas, que apontam o risco de transmissão da Covid-19 em locais fechados, disse que o risco de transmissão nos templos é "quase zero".
Bolsonaro, que constantemente ataca governadores e prefeitos que adotam medidas restritivas na tentativa de frear a disseminação da Covid-19, defendeu na entrevista à emissora a necessidade de se evitar conflitos no combate à pandemia e fez a acusação, sem citar nomes, de que existem pessoas que atuam fora dos limites da Constituição.
"O Brasil está sofrendo demais e o que nós menos precisamos é de conflitos. Da minha parte, você sabe a minha posição. Respeito completamente a nossa Constituição. Não tem um pingo fora das quatro linhas da mesa", afirmou.
"Seria bom se todo mundo jogasse dentro das quatro linhas", acrescentou.
(Por Eduardo Simões)