Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta terça-feira que hoje só 20% da emissão de carbono está sujeita à precificação e que uma das ideias apresentadas e em estudo é que o Brasil seja centro negociador de carbono.
Ao falar em evento online organizado pelo Climate Bonds Initiative (CBI), ele avaliou que, quanto à emissão de títulos verdes, o mercado tem crescido bastante, mas que o Brasil ainda responde por pouco desse universo total.
"Existe falta de informação grande em relação ao que Brasil está fazendo na área climática", disse ele, afirmando que o país pode e deve fazer mais para participar desse mercado.
Campos Neto defendeu que o Brasil tem histórico muito grande de ações sustentáveis "apesar do que escutamos e lemos às vezes na mídia".
Após conversas com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas, ele disse que houve entendimento de que era importante o BC brasileiro dar um sinal no tema ambiental e, por isso, a autoridade monetária passou a fazer parte do Network for Greening the Financial System (NGFS).
"Participamos ativamente na formulação de melhores práticas internacionais", disse ele. "Queremos então criar um marco regulatório mais importante e mais robusto nessa área financeira no Brasil."
Campos Neto também afirmou que o BC tem "algumas ideias" de como atrair mais investimentos e como estimular investidores a olhar mais para o tema verde nos ativos de renda fixa.
Algumas medidas serão anunciadas em breve, completou ele, destacando que elas serão complementares ao que está sendo anunciado pelos ministérios da Agricultura e Infraestrutura.
"Essa onda financeira é uma onda que vai ter relevância muito grande para os países porque se você não estiver adequado nessa governança climática, você não vai receber investimentos. E no mundo globalizado de hoje, é impossível ter um crescimento sustentável sem ter investimento estrangeiro", afirmou Campos Neto.