PEQUIM (Reuters) - O banco central da China informou nesta sexta-feira que está cortando o volume de dinheiro que alguns bancos devem manter como reserva pela segunda vez neste ano, liberando 550 bilhões de iuanes (78,82 bilhões de dólares) em liquidez para sustentar a economia afetada pelo coronavírus.
O Banco do Povo da China disse em seu site que vai cortar o compulsório entre 0,50 e 1 ponto percentual para os bancos que atenderem metas de financiamento inclusivo. A taxa de compulsório para bancos grandes é de 12,5% no momento.
O banco central tem incentivado os bancos a emprestar mais a pequenas empresas e outros setores vulneráveis sob seu impulso de financiamento inclusivo, e instou os credores a conceder empréstimos baratos e tolerar pagamentos em atraso de companhias atingidas pela crise da saúde.
O corte, o nono desde o início de 2018, entrará em vigor a partir de 16 de março.
Os mercados financeiros esperavam amplamente mais medidas de apoio em breve por parte do governo e do BC chinês para colocar a economia de volta no caminho certo. O gabinete do país na quarta-feira sinalizou mais cortes nas reservas bancárias e outras medidas.
O banco central vem afrouxando a política monetária desde o agravamento do surto de vírus, no final de janeiro. A China cortou diversas taxas de juros e alguns analistas esperam outro corte em sua taxa básica de empréstimos na semana que vem.
Mas nesta sexta-feira, o banco central reiterou que a política monetária permanecerá prudente, mesmo que seja mais flexível em priorizar a restauração do crescimento econômico. Ele disse que não abrirá as comportas do crédito, uma prática que levou a um rápido acúmulo de dívidas no passado.
O governo também implementou medidas de apoio fiscal, incluindo mais financiamento para combate ao vírus, renúncias fiscais, cortes nas taxas de seguro social e subsídios para as empresas.
Analistas do UBS disseram em nota na semana passada que esperavam outros 100 pontos-base de cortes na taxa de compulsório da China para o restante de 2020, mais 10 pontos-base de cortes na taxa empréstimo a médio prazo e, possivelmente, um corte na taxa de referência de depósitos de não mais que 25 pontos depois que a inflação ao consumidor diminuir notavelmente.
Analistas consultados pela Reuters esperam que o crescimento econômico da China caia a 3,5% no primeiro trimestre, contra 6,0% nos três meses anteriores.
(Reportagem de Yawen Chen, Lusha Zhang, Roxanne Liu e Kevin Yao)