Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O Citi melhorou seu prognóstico para o crescimento econômico do Brasil neste ano, mas reduziu sua previsão para 2023, esperando que a deterioração do cenário inflacionário de médio prazo force o Banco Central a elevar a taxa básica de juros a patamar mais alto do que o estimado em cenário anterior.
Agora, o credor norte-americano espera que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresça 2,0% em 2022, de taxa de 1,4% esperada antes, na esteira de várias surpresas positivas em indicadores da atividade econômica até agora neste ano.
Para 2023, no entanto, o Citi passou a estimar expansão de apenas 0,3%, contra previsão anterior de crescimento de 0,7%.
"Os ventos contrários para a atividade econômica no próximo ano são crescentes, dada a necessidade de política monetária mais restritiva, o fim dos estímulos fiscais e a desaceleração global", afirmou o banco em relatório com data desta terça-feira.
O banco manteve estimativa de que a Selic encerrará este ano em 13,75%, ante atuais 13,25%, mas passou a ver o juro básico em 10,50% ao final de 2023, contra taxa de 9,50% esperada anteriormente.
Segundo o Citi, esse cenário se justifica porque, embora iniciativas recentes de redução de impostos do governo estejam reduzindo alguns preços-chave no curto prazo, as perspectivas de inflação de médio prazo se deterioraram ainda mais, já que as medidas de alívio são temporárias.
Ainda assim, o banco norte-americano manteve projeção de que o IPCA avançará 4,5% no ano que vem, enquanto a estimativa para o avanço dos preços ao consumidor neste ano foi cortada a taxa de 7,7%, contra 8,0% em seu último cenário.
Na esteira da aprovação pelo Congresso de medidas para ampliar e criar novos benefícios sociais, o Citi alertou para intensificação da deterioração das contas públicas daqui para frente, dada a combinação de juros reais mais altos, crescimento muito menor e normalização da arrecadação.
"Ao todo, projetamos a dívida pública bruta em 83,4% do PIB até o final de 2023", disse o banco.