BERLIM (Reuters) - O sentimento empresarial alemão caiu mais do que o esperado em maio devido principalmente a um declínio acentuado nas expectativas futuras, outro sinal de que a maior economia da Europa está enfrentando obstáculos econômicos, mostrou uma pesquisa nesta quarta-feira.
O instituto Ifo disse que seu índice de clima empresarial ficou em 91,7, de 93,4 em abril. Uma pesquisa da Reuters com analistas apontava para uma leitura de 93,0 em maio.
Esta foi a primeira queda após seis aumentos consecutivos.
A economia alemã está andando de lado e pode estagnar no segundo trimestre do ano, disse o economista do Ifo Klaus Wohlrabe nesta quarta-feira, depois que o instituto divulgou seus números mais recentes.
Em maio, ambos os componentes do indicador caíram: os gerentes estavam significativamente mais pessimistas em suas expectativas e se mostraram um pouco menos satisfeitos com sua situação atual.
"As empresas alemãs estão céticas sobre o próximo verão", disse Clemens Fuest, presidente do Instituto Ifo. O índice de expectativas caiu para 88,6 em maio, de 91,7 em abril.
"O forte colapso das expectativas na indústria é impressionante", disse Wohlrabe, já que as expectativas na manufatura registraram a maior queda desde março de 2022, logo após o início da guerra na Ucrânia.
As expectativas de exportação também caíram acentuadamente, já que as taxas de juros elevadas parecem diminuir a demanda, acrescentou.
Do lado da oferta, a situação está melhorando, pois os gargalos de suprimento diminuíram ainda mais, disse Wohlrabe. Também há sinais positivos sobre a inflação, com menos empresas buscando aumentar os preços, acrescentou.
O declínio significativo na sondagem de clima empresarial do Ifo não é um caso atípico, já que outros indicadores importantes, como o Índice de Gerentes de Compras (PMI, na sigla em inglês) para a indústria e pedidos recebidos, apontam para baixo há algum tempo, disse Joerg Kraemer, economista-chefe do Commerzbank.
"Uma recessão técnica na segunda metade do ano é mais provável do que uma recuperação econômica, que a maioria dos economistas ainda espera", disse Kraemer.
(Por Maria Martinez, Linda Pasquini e Friederike Heine)