BRASÍLIA (Reuters) - O Credit Suisse (SIX:CSGN) reduziu sua projeção para o IPCA este ano, ao mesmo tempo em que elevou a estimativa para 2023, em movimentos que refletem o impacto esperado das medidas anunciadas esta semana pelo governo para reduzir a taxação federal e estadual sobre combustíveis e outros produtos e serviços públicos.
Como resultado dos novos cortes tributários e do dado do IPCA de maio divulgado esta manhã, que veio abaixo do esperado pelo mercado, o banco reduziu sua estimativa de alta da Selic na próxima semana, mas alertou para o aumento do risco para a trajetória da taxa de juros.
"As medidas do governo para reduzir a inflação neste ano devem ser vistas como um risco para a trajetória dos juros futuros, dado que a potencial reversão de parte dos cortes de impostos e maior risco fiscal devem elevar as expectativas de inflação para 2023 e 2024, anos-calendário que estarão no horizonte da política monetária nas próximas reuniões", disse o Credit Suisse em relatório.
O governo anunciou nesta semana proposta de emenda à Constituição para zerar temporariamente tributos federais e estaduais sobre combustíveis a um custo de cerca de 40 bilhões de reais.
Paralelamente, o Congresso avalia projeto que fixa um limite para a alíquota de ICMS sobre combustíveis, gás natural, energia elétrica, comunicações e transporte coletivo.
Em relatório, o Credit Suisse disse que espera um "pass-through" parcial das medidas para os preços finais este ano, ao mesmo tempo em que estima que a reversão dos cortes tributários em 2023 vai alimentar a inflação no ano que vem e no seguinte. A estimativa do Credit Suisse para o IPCA este ano foi reduzida de 9,8% para 7,6% e, para 2023, foi elevada de 5,1% para 5,3%.
Como resultado dos novos cortes tributários e do dado do IPCA de maio divulgado esta manhã, que veio abaixo do esperado pelo mercado, o banco reduziu sua estimativa de alta da Selic na próxima semana para 50 pontos-base, de 75 pontos-base esperados anteriormente.
"Apesar disso, mantemos nossa projeção de que o BC continuará elevando a taxa em agosto, em 50 pontos-base, e manterá as taxas em nível alto por mais tempo", disse o banco.
O IBGE informou nesta quinta-feira que o IPCA desacelerou a alta a 0,47% em maio, de 1,06% em abril, marcando a taxa mensal mais baixa desde abril de 2021 (+0,31%). A leitura veio abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de alta de 0,60%.
(Por Isabel Versiani; edição de Bernardo Caram)