A avaliação negativa do governo Lula no mercado financeiro vem subindo, segundo pesquisa feita da Genial/Quaest. O índice de reprovação do governo subiu de 52% em novembro para 64% no levantamento divulgado nesta quarta-feira, 20. A avaliação "regular" caiu de 39% para 30%. Já o índice de aprovação foi de 9% para 6%.
Os dados foram coletados de quinta-feira, 14, até a terça-feira, 19 - portanto, sob o impacto das tentativas do governo de interferir na troca de comando da Vale (BVMF:VALE3) e da decisão da Petrobras (BVMF:PETR4), tomada a pedido do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de reter dividendos extraordinários.
A pesquisa Genial/Quaest, feita pela primeira vez neste ano, ouviu gestores, economistas, operadores e analistas em 101 entrevistas com fundos de investimento sediados em São Paulo e no Rio de Janeiro.
As entrevistas foram feitas de forma online, por meio da aplicação de questionários estruturados.
Haddad
A piora na avaliação do governo Lula, porém, não contaminou a opinião no mercado financeiro sobre o trabalho feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, considerado positivo por metade (50%) dos participantes da última pesquisa Genial/Quaest.
A aprovação do ministro entre tomadores de decisão em fundos de investimento subiu em relação à pesquisa anterior, quando 43% dos participantes consideravam positiva a gestão de Haddad no ministério.
A avaliação de que o ministro faz um trabalho regular também subiu, de 33% para 38%, de modo que a reprovação de Haddad - ou seja, a avaliação negativa - caiu pela metade, de 24% para 12%, no mercado financeiro.
Na avaliação de pouco mais de metade dos participantes (51%), Haddad está hoje mais forte do que no começo do mandato.
Campos Neto
Em nível ainda mais elevado, a aprovação no mercado à atuação do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, também avançou entre as pesquisas: de 85% para 94%.
Política econômica
Ainda existe uma rejeição forte no mercado à política econômica do governo, cuja direção é vista como errada por 71% dos participantes da pesquisa. Apesar disso, a percepção de que a situação econômica vai piorar nos próximos doze meses recuou de 55% para 32% desde novembro.
Agora a maioria (47%) entende que a situação econômica seguirá do mesmo jeito no curto prazo.
A avaliação de que o governo está preocupado com o combate da inflação agora é compartilhada por pouco mais da metade do mercado (51%), saindo de 44% em novembro. Até maio do ano passado, apenas 20% tinham essa opinião.
Questionados sobre o comunicado a ser divulgado nesta quarta-feira após a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que vai decidir a nova taxa Selic, 73% responderam que aguardam a manutenção da mensagem de que os juros devem ter mais dois cortes de 0,5 ponto porcentual.
Na esteira da polêmica gerada pelos comentários do presidente sobre a ação de Israel na Faixa de Gaza, 45% consideram que a imagem do Brasil no exterior piorou, mais do que os 28% que manifestaram esta percepção na edição anterior da pesquisa.