Por Gavin Jones
ROMA (Reuters) - O bloco conservador da Itália vai cortar impostos, reprimir a imigração e eliminar o atual sistema de benefícios sociais se vencer as eleições do próximo mês como esperado, disse o grupo em um manifesto conjunto.
A aliança conservadora é liderada por dois partidos de direita, Irmãos da Itália, de Giorgia Meloni, e Liga, de Matteo Salvini, apoiados pelo Força Itália, mais moderado, liderado pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, de 85 anos.
Um programa conjunto de 15 pontos divulgado pelos partidos na noite de quinta-feira contém poucos detalhes e principalmente reitera promessas já feitas pelos partidos individualmente durante a campanha para a eleição de 25 de setembro.
Promete "impostos mais baixos para famílias, empresas e trabalhadores independentes", com o chamado "imposto fixo", ou taxa de imposto única, sobre rendimentos anuais de até 100.000 euros para trabalhadores independentes e sobre qualquer aumento de renda de um ano para o outro.
Os cortes de impostos são uma plataforma tradicional para a direita italiana, que argumenta que o impulso ao crescimento econômico compensará qualquer redução nas receitas.
O bloco também promete elevar as pensões mínimas e aumentar as possibilidades de aposentadoria antecipada.
O Plano de Recuperação da Itália apresentado à União Europeia no ano passado em troca de cerca de 200 bilhões de euros de fundos de alívio pandêmico será alterado “devido às mudanças nas condições, necessidades e prioridades”, diz o programa. Não foi especificado o que seria alterado.
O manifesto promete conter a imigração ilegal, outro forte tema conservador, bloqueando barcos de imigrantes com a ajuda de autoridades africanas locais e através da criação de centros administrados pela União Europeia para avaliar os pedidos de asilo antes que os imigrantes cheguem à UE.
A aliança conservadora está a caminho de conquistar uma maioria parlamentar confortável na eleição, mostrou uma pesquisa na terça-feira, ajudada pelas divisões entre seus oponentes.
Meloni, cujo partido lidera a maioria das pesquisas de opinião, parece prestes a se tornar a primeira mulher primeira-ministra da Itália.
O programa promete uma revisão do sistema social, aumentando creches gratuitas e benefícios para crianças, mas descartando o esquema de auxílio de renda cidadã introduzido em 2019.
O programa será substituído por "medidas mais efetivas de inclusão social e geração de empregos", diz o programa, sem dar detalhes.
O programa prevê ainda uma reforma da Constituição da Itália para introduzir a eleição direta do presidente, substituindo o atual sistema em que o chefe de Estado é eleito pelo Parlamento. Esta é uma proposta de centro-direita de longa data e exigirá um referendo, a menos que o bloco obtenha uma maioria de dois terços no Parlamento.