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Dólar salta 1,2% e fecha perto de R$5,40, nos picos desde janeiro, com temor global de recessão

Publicado 05.07.2022, 17:36
Atualizado 05.07.2022, 18:20
© Reuters. Cédulas e moedas de dólares dos EUA em cofre em um banco em Westminster, Colorado, EUA
03/11/2009
REUTERS/Rick Wilking
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Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar deu um salto nesta terça-feira e fechou no maior patamar em mais de cinco meses, chegando a operar acima de 5,40 reais, catapultado pela busca por segurança que ditou alta generalizada da moeda no exterior em meio à intensificação de temores de recessão global.

Lá fora, um índice de dólar disparou a novas máximas em 20 anos, com o euro mergulhando a um piso desde 2002 e aproximando-se da paridade frente ao rival norte-americano. As preocupações foram exacerbadas pelo aumento dos preços do gás natural e por dados que nesta terça-feira mostraram forte desaceleração no crescimento da atividade econômica no setor privado do bloco monetário em junho.

Na máxima do dia, o dólar spot foi a 5,405 reais, alta de 1,50% no dia, retomando o nível de 5,40 reais tocado pela última vez em 31 de janeiro.

No fechamento, a cotação subiu 1,21%, a 5,3892 reais na venda, maior valor desde 28 de janeiro (5,3915 reais). A moeda emendou a quarta alta consecutiva, período em que somou ganhos de 3,82%. A série positiva é a mais longa desde a sequência de sete pregões seguidos de valorização encerrada em 14 de junho.

O dólar à vista --que no ano chegou a acumular queda de 17,33% quando terminou em 4,6075 reais no dia 4 de abril-- agora reduziu a baixa no período para 3,31%. O real, depois de meses no posto de divisa com melhor desempenho em 2022, desceu para a terceira posição.

Mesmo assim, a moeda brasileira figura na curta lista das que apreciam contra o dólar em 2022, composta ainda por rublo russo e sol peruano. Todos os demais 30 pares relevantes do dólar perdem terreno.

E o cenário de curto prazo para o dólar segue na direção de alta, segundo Nicole Kretzmann, economista-chefe da Upon Global Capital, que lembrou as divulgações da ata da última reunião de política monetária do banco central norte-americano (na quarta-feira) e do relatório mensal de empregos nos Estados Unidos fora do setor agrícola ("payroll", na sexta).

© Reuters. Cédulas e moedas de dólares dos EUA em cofre em um banco em Westminster, Colorado, EUA
03/11/2009
REUTERS/Rick Wilking

"Porém, ainda que a ata venha mais 'dovish' (com menor indicação de alta forte dos juros) ou o 'payroll' decepcione, a narrativa predominante será de menor crescimento global, o que cria essa dinâmica de 'flight to safety' (busca por segurança) para o dólar, favorecendo a moeda norte-americana em relação às dos outros países", disse.

Além das preocupações externas, temas idiossincráticos devem manter a taxa de câmbio sob atenção. "A elevação do risco fiscal... segue nos deixando menos construtivos para o real no curto prazo, que ainda deve seguir negociando consistentemente acima de 5,00 por dólar nos próximos meses", disse o BTG Pactual (BVMF:BPAC11) em cenário de câmbio para julho.

(Edição de André Romani)

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