O BC (Banco Central) afirma que o lançamento do Drex, moeda digital brasileira, vai facilitar o acesso da população ao crédito, baratear as operações financeiras e funcionar como um método menos burocrático para a aquisição de imóveis. Em entrevista ao portal de notícias g1, Fabio Araujo, coordenador do projeto na instituição financeira, explicou os benefícios da nova tecnologia, que já está em uma 1ª fase de testes com os bancos até maio de 2024.
“O acesso a crédito e investimento ainda é muito restrito. As pessoas ainda têm muita dificuldade. A gente enxerga que, com essa tecnologia, as pessoas vão ter outras oportunidades de investimento, que não só a caderneta de poupança. Elas vão poder fazer isso de maneira ágil, simples e vão poder acessar crédito mais barato, de uma maneira muito menos burocrática”, afirmou Fabio Araujo.
Segundo o técnico, ainda será necessário fazer ajustes na legislação brasileira para que a moeda virtual seja utilizada na compra e venda de imóveis. Ao mesmo tempo, o segmento precisará demonstrar interesse na digitalização do mercado.
A princípio, a ideia é que as compras funcionem por meio de “contratos inteligentes”, quando uma pessoa paga pelo imóvel com o Drex ao mesmo tempo em que o bem é transferido automaticamente. Na prática, a medida eliminaria a insegurança de o pagamento ser feito, mas o imóvel não ser transferido. O método também permitiria um custo menor de centavos por contrato.
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A implementação da tecnologia no ramo, porém, precisaria se certificar de que os imóveis disponíveis existem nas condições anunciadas.
“Se não tem o cartório, eu digito lá um ‘token’ [bem digital] de uma casa, que eu sei programar, e digo que essa casa existe, está um lugar muito bom, que vale R$ 6 milhões, por exemplo. Quem é que garante que isso corresponde realmente a uma casa com essas descrições? Tem de ter alguém para certificar isso. Depois que fez a certificação, o registro, as transações de troca ficam muito mais simples. Mas você sempre precisa ter alguém para garantir que a informação inserida é válida”, disse Fabio Araujo.
Comércio exterior
No caso do comércio exterior, as moedas digitais serão ainda mais relevantes em negociações entre moedas não tradicionalmente aceitas no exterior, como é o real.
Quando um país não tem uma moeda aceita no mercado, é comum que ele recorra ao dólar, o que acaba por encarecer as transações. Segundo o técnico do BC, o Drex possibilitará a “formação de preço” entre as moedas que hoje não tem tanta liquidez internacional. Dessa forma, os negociadores poderão escapar do uso do dólar e baratear suas operações.
“As pessoas estão negociando e formando um preço naquele mercado, e tem alguém negociando aquela moeda em outro lugar. Se não for líquida o suficiente, o preço vai ser diferente do primeiro mercado, você tem essas segmentações. Quando você está no ambiente DLT, se eu começo a fazer um ambiente de negociação de uma moeda e o preço descola de outro, eu faço uma conexão entre esses 2 mercados naturalmente [para encontrar um preço em comum]”, declarou o coordenador.
O DLT mencionado por Fabio Araujo diz respeito a um banco de dados com informações compartilhadas e sincronizadas, espalhadas por diferentes locais.
A moeda digital Drex passa pela 1ª fase de testes em instituições financeiras até março de 2024 para verificar a privacidade e a programabilidade das operações. Já em 2025, o BC prevê a abertura de testes para uma parcela da população com apenas alguns dos produtos ofertados pela ferramenta. O uso do Drex sem restrições virá apenas em 2026, caso todas as fases de testes sejam cumpridas com sucesso e sem falhas detectadas.