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El Niño pode atrapalhar desinflação em 2024, alerta economista do Rabobank

Publicado 23.01.2024, 17:36
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Investing.com – Enquanto a economia brasileira pode enfrentar desaceleração com patamares de juros elevados e agro menos pujante, a safra agrícola ainda requer cautela por outro motivo: se o El Niño tiver impactos maiores, os choques nos preços dos alimentos podem atrapalhar o processo de desinflação em curso.

É assim que avalia o economista do Rabobank Renan Alves, que falou com exclusividade ao Investing.com Brasil sobre as perspectivas para a economia brasileira em 2024. Assim como o El Niño, as expectativas desancoradas e efeitos da política monetária americana no câmbio são riscos para a inflação brasileira e, por isso, Alves não acredita que há espaço para o Comitê de Política Monetária (Copom) intensificar o ciclo de cortes na taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic.

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Além das pressões inflacionárias que merecem atenção, visto que o Rabobank prevê que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine o ano em 3,9% no final de 2024, acima do centro meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), o cenário fiscal também tende a ser difícil. A necessidade de aprovação de medidas que levem ao equilíbrio das contas públicas continua, mas o calendário tende a ser menor para tal, com a proximidade das eleições municipais. Durante o período, esse tipo de pauta tende a não ser apreciada ou aprovada, avalia Alves. O Rabobank enxerga a relação entre a dívida bruta do setor público em 78,5% em 2024.

Veja a entrevista:

Investing.com – O crescimento da economia brasileira tende a desacelerar em 2024, e a projeção do Rabobank é de 1,8%. Quais os riscos positivos e negativos para essa estimativa?

Renan Alves – Tem alguns desafios. Primeiro, se a gente pensar no front externo, a maior parte dos países, principalmente das economia avançadas, subiu os juros como forma de combater um processo inflacionário global. Houve aumentos sincronizados dos Bancos Centrais das principais economias, então temos o efeito de juros mais elevados para combater a inflação.

Inevitavelmente, vamos sofrer de alguma forma com esse ambiente de juros altos por mais tempo. Ainda haverá cortes de juros, considerando as economias avançadas, mais no segundo semestre, mas ainda assim vão ser cortes de juros muito tímidos. Os juros ainda vão continuar no território restritivo, então a economia global vai sofrer mais.

O segundo ponto é que o que ajudou muito o desempenho da economia brasileira em 2023 foi exportar, principalmente a parte agrícola, com exportações de grãos. A gente se beneficiou dessa safra recorde, mas a expectativa é de uma produção agrícola boa esse ano, mas menor do que a do ano passado. Ainda temos incertezas do El Niño e como ele pode impactar a produção agrícola, estamos com uma expectativa de um crescimento do agro um pouco menor.

Por outro lado, o mercado de trabalho segue bastante aquecido no Brasil, o que contribui para o consumo das famílias, ajuda no setor de serviços, que acabou sendo o carro-chefe da economia há dois anos e em 2023 se manteve consistente. O mercado de trabalho, de certa maneira, vai desaquecer, mas vai desaquecer muito pouco. Então 2024 a gente a gente espera ainda que o consumo das famílias seja sustentado por esse mercado de trabalho aquecido e, consequentemente, sustente esse setor de serviços.

Inv.com – A economia da China é fator de preocupação?

Inv.com – Sim, pois a China sendo a segunda maior economia do mundo, é nosso principal parceiro comercial. A demanda chinesa, principalmente por commodities, acaba sustentando o preço dos commodities em patamar mais alto e, obviamente, pensando nas nossas exportações, isso é bom.

A China tem passado por uma transição, principalmente pós-pandemia, com o processo de reabertura econômica no primeiro trimestre do ano passado. A China, durante 20 anos, basicamente o setor que sustentou o crescimento foi o setor imobiliário. Agora, está no processo de mudança de paradigma, ou seja, uma mudança na forma de estimular o crescimento, não mais pelo setor imobiliário, mas pelo setor de consumo. Então a gente vai ver a China crescendo menos do que era costume. Aquele crescimento de 7%, 8%, 8% não devemos ver. Tivemos um crescimento acima de 5% em 2023, cresceu até mais do que era a meta do governo de Pequim.

Mas pensando nas nossas exportações, principalmente do minério de ferro, o setor imobiliário que eu comentei, agora está migrando para o setor de consumo. Então a China crescendo mais, ela vai demandar produtos de diversos de diversos países.

Inv.com – Quais podem ser os principais impactos de um El Niño pior do que o esperado?

Alves – Comentamos em relação à produção agrícola, o efeito consequente em termos de balança comercial, pressão de exportações, pensando em PIB, a gente pode ter alguma quebra de produção. Vimos no final do ano passado alguns efeitos no plantio da soja no Mato Grosso, devido à falta de chuvas, então são pontos de preocupação.

O El Niño, principalmente quando ele é classificado como moderado para forte, ele tem um efeito sobre a sobre a inflação. Seja inflação do produtor pegando primeiro no produtor agro, depois na inflação de alimentos in natura, depois inflação de alimentos, que é um item que tem maior peso no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Então o El Niño pode ter um efeito inflacionário, dano que toda essa da safra agrícola anterior contribuiu, teve um efeito na inflação que foi de uma queda, uma desinflação muito forte no preço de alimentos, principalmente do ano passado.

Então, se for classificado como moderado a forte, pode ter um efeito mais significativo da produção agrícola e na inflação de alimentos, além de pouquinho esse processo que a gente tem visto de desinflação.

Inv.com – A projeção é de uma Selic a 9,25% em 2024. Acreditam que o Comitê de Política Monetária (Copom) pode acelerar o ritmo de cortes ou deve seguir na mesma tendência nos próximos meses?

Alves – A gente acha que não. O ritmo deve seguir 50 pontos base nas duas primeiras reuniões. Temos ainda alguns pontos de atenção, pois temos visto que a desinflação está perdendo um pouco de força. E se o El Niño deu uma chacoalhada legal na inflação de alimentos, é uma preocupação importante. Talvez essa dinâmica de desinflação perca um pouco de força ao longo de 2024.

O segundo ponto de preocupação é que as expectativas continuam desancoradas e a meta agora é 3%. Além disso, outro ponto de preocupação é a política monetária dos Estados Unidos, pois ela pode afetar fortemente o câmbio, que impacta tanto a inflação corrente quanto as expectativas de inflação. Se o Fed iniciar um ciclo de relaxamento monetário, quanto mais tardio, maiores as chances de o dólar se se fortalecer. Consequentemente, haveria desvalorização do real no efeito da inflação. Se o nosso Banco Central intensificar o corte, o trabalho fica um pouquinho mais difícil.

Inv.com – No relatório enviado pelo Rabobank com perspectivas, é mencionada uma dinâmica difícil para a política fiscal neste ano. Acredita que o governo vai cumprir a meta de zerar o déficit? Quais devem ser as principais batalhas?

Alves – Estimamos um déficit de 0,8%, então não esperamos resultado fiscal de equilíbrio. Percebemos avanços importantes do lado fiscal, como a aprovação do arcabouço fiscal. É importante ter uma regra fiscal, temos evidências empíricas ao redor do mundo que demonstram como é difícil para que os países aprovarem medidas de consolidação fiscal. É um processo, tem um custo político alto. É verdade que ele é focado muito no aumento de arrecadação, estabelece uma trajetória para o crescimento de gastos.

Ainda há medidas que o governo tentou já passar, com foco e aumento da arrecadação, como a taxação dos fundos offshore e dos fundos dos fundos exclusivos. Para esse ano, a questão em destaque é a reoneração. A busca por maior arrecadação continua. Vimos avanço também na reforma tributária sobre a renda, essa mais focada em arrecadação do que a reforma tributária do ano passado, que era focado mais aumentos de produtividade e eficiência do país.

O governo deve seguir com a agenda no Congresso, mas um ponto de entrave as eleições municipais no segundo semestre. A gente já viu no passado que o governo terá que conseguir aprovar antes, o calendário se torna mais enxuto. São medidas que não possuem efeito imediato, neste ano, somente no ano seguinte, então segue a preocupação com o cumprimento da meta fiscal.

Inv.com – Para o dólar, o que está em jogo neste ano? Deve rondar o patamar atual?

Alves – Nós alteramos nossa projeção, estávamos com R$5,05 por dólar para o final de 2024, mas estamos vendo o real ligeiramente mais apreciado, agora estamos com estimativa ao redor de R$5. A preocupação novamente é com relação com relação ao Fed, o que vai permear esse começo de ano.

Se o Fed adiar um pouquinho o início de relaxamento monetário dos EUA, tende a fortalecer o dólar. No entanto, nós vemos um fortalecimento do real do front fiscal, com avanços da agenda, mas o calendário desse ano é mais curto com as eleições, há dificuldades para aprovações. Também precisamos avaliar os efeitos do El Niño e depende de como ele vai impactar a safra agrícola e a balança comercial. Acaba sendo um pontinho de incerteza.

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