Por Howard Schneider
WASHINGTON (Reuters) - Novos dados de nível estadual dos Estados Unidos e estudos relacionados mostraram que um grupo de governadores, em grande parte republicanos, ainda não obteve o "boom" de empregos esperado ao cortar os benefícios federais a desempregados neste verão do Hemisfério Norte, mas a perda do auxílio pareceu levar alguns desempregados a aceitar trabalhos.
Análises separadas divulgadas na semana passada, baseadas em diferentes conjuntos de dados e metodologias, concluíram que os 26 Estados que cortaram o auxílio-desemprego do governo de 300 dólares semanais viram os desempregados encontrar um emprego a uma taxa mais rápida, talvez de até 6 pontos percentuais, frente aos 24 Estados que planejam manter o benefício até pelo menos seu vencimento federal, programado para o início de setembro.
No entanto, os Estados que cortaram benefícios registraram resultados piores no retorno das pessoas à força de trabalho formal, ao ponto que o crescimento geral do emprego nos dois grupos de Estados foi quase idêntico entre maio e julho.
Nas pesquisas regulares de emprego do governo norte-americano são consideradas desempregadas apenas as pessoas que estiverem procurando emprego; as demais são consideradas "fora da força de trabalho" até que comecem a trabalhar ou a procurar vaga.
Embora o fim dos benefícios federais de desemprego possa ter motivado as pessoas a aceitar trabalhos em um grupo de Estados, "em Estados sem o corte o emprego cresceu quase tanto quanto ao trazer as pessoas de volta à força de trabalho", ou seja, quem não estava procurando trabalho no mês anterior tinha começado a procurar e encontrado um emprego, escreveu Jed Kolko, economista-chefe do site de empregos Indeed.
Economistas do Goldman Sachs (NYSE:GS) (SA:GSGI34) chegaram a uma conclusão semelhante.
O estudo do Goldman Sachs observou que o corte nos benefícios pareceu ter maior impacto sobre trabalhadores com salários mais baixos do setor de lazer e hospedagem --uma descoberta intuitiva, já que o auxílio semanal é maior que a remuneração que receberiam pelo retorno ao serviço.
Ao mesmo tempo, o Goldman observou que suas conclusões "sugerem" que aqueles que deixaram a força de trabalho desde o início da pandemia "o fizeram por razões não financeiras, como preocupação com a Covid".
Assim, como eles não voltaram (durante o verão nos EUA) ao mercado de trabalho nos Estados que cortaram os benefícios, talvez não o façam nas outras unidades da federação no outono caso a doença esteja se espalhando.
"Nossa descoberta de que a expiração do benefício não encorajou a participação na força de trabalho foi uma surpresa negativa e aumenta o risco de que alguns trabalhadores possam demorar para retornar à força de trabalho, especialmente se a variante Delta aumentar as preocupações em torno dos riscos à saúde", escreveram Joseph Briggs e Ronnie Walker, economistas do Goldman.
(Por Howard Schneider)