SÃO PAULO (Reuters) - Os principais elementos de curto prazo para o mercado financeiro brasileiro serão um "contínuo" apoio do presidente Jair Bolsonaro ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e a relação do governo com o Congresso, disse o UBS nesta sexta-feira.
Os ativos locais sofriam fortes perdas nesta sessão, com o dólar flertando com 5,75 reais e o Ibovespa chegando a cair 9,58% na mínima (aproximando-se de um "circuit breaker"), diante dos temores de que a instabilidade política possa enfraquecer Guedes, defensor de agenda econômica mais ortodoxa.
Esse receio ganhou força depois de Sergio Moro pedir demissão do cargo de ministro da Justiça nesta sexta-feira com um discurso duro contra a decisão de Bolsonaro de trocar o comando da Polícia Federal, movimento que o agora ex-ministro disse representar uma interferência política.
Moro, assim como Guedes, figurava na lista dos "superministros". O Ministério da Economia anunciou o cancelamento de compromissos de Guedes nesta sexta.
A incerteza é sobre os rumos do governo.
"É possível que a demissão e as acusações de Moro aumentem os pedidos de abertura de processo de impeachment contra o presidente Bolsonaro", disse o UBS. Porém, o banco acredita que, para isso acontecer, teria de haver "forte" apoio popular.
O UBS lembrou ainda que a oposição política a Bolsonaro, "em sua maior parte de esquerda", sempre foi crítica de Moro, que investigou membros do PT e outros partidos por ocasião da Lava-Jato.
"Além disso, apesar de assumir uma postura mais crítica em relação ao governo, somos da opinião de que Rodrigo Maia (presidente da Câmara), a menos que haja uma prova concreta de interferência política nas investigações judiciais em andamento, optará por não iniciar um processo de impeachment num momento em que o Brasil ainda está enfrentando os efeitos na saúde e na economia decorrentes da pandemia de coronavírus", completou o UBS.
(Por José de Castro)