Por Bernardo Caram e Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O Ministério da Fazenda vai manter sua projeção de alta do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024 em 2,2%, prevendo também um rebalanceamento entre os setores que puxarão o crescimento da economia neste ano, disseram à Reuters duas fontes da pasta.
Após forte desempenho da agropecuária em 2023, as autoridades que acompanham os cálculos afirmaram que o setor deve reduzir sua contribuição proporcional ao crescimento neste ano, perda que o governo espera ser compensada por uma retomada de investimentos e recuperação da indústria.
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A última projeção do governo foi apresentada em novembro do ano passado. A atualização oficial dos dados elaborados pela Secretaria de Política Econômica, que são usados para estimar o desempenho futuro das receitas e despesas do governo federal, está prevista para a próxima quinta-feira.
O relatório com a reestimativa fiscal, com divulgação na sexta-feira, é aguardado com ansiedade pelo mercado pois trará um prognóstico mais atualizado quanto à perspectiva de cumprimento da meta de zerar o déficit primário deste ano, ainda vista com desconfiança por analistas, que projetam que as contas públicas fecharão o ano com rombo equivalente a 0,8% do PIB.
O Orçamento de 2024 foi elaborado e aprovado considerando uma previsão de alta de 2,26% no PIB. Portanto, a projeção oficial de crescimento de 2,2% neste ano, se confirmada, terá pouca influência sobre a estimativa de arrecadação ordinária em relação ao previsto inicialmente pelo governo.
A estimativa da Fazenda para a atividade segue mais otimista que a do mercado, que espera uma alta de 1,78% no PIB este ano, segundo o mais recente boletim Focus do Banco Central.
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Segundo uma das fontes, a nova grade de parâmetros, que também contém projeções para variáveis como inflação e taxa básica de juros, terá ajustes considerados “marginais”.
Em 2023, o PIB brasileiro teve crescimento de 2,9%, ajudado por uma safra recorde de grãos e forte resultado das indústrias extrativas, com destaque para petróleo e minério de ferro.
Além de contar com a alta do PIB, que provoca um aumento estrutural da arrecadação de impostos, o governo também aposta em ganhos não recorrentes neste ano, como a antecipação de pagamentos ao fisco por investidores após serem aprovadas novas formas de taxação de fundos exclusivos e offshore.
A Fazenda conta ainda com novas receitas da tributação de apostas online e um impulso na arrecadação com julgamentos tributários em instância administrativa após mudança de regras do Conselho de Administração de Recursos Fiscais (Carf).