Por Luana Maria Benedito e Camila Moreira
SÃO PAULO (Reuters) -A agência de classificação de risco Fitch elevou a nota de crédito soberano do Brasil a "BB (BVMF:BBAS3)", contra "BB-" antes, com perspectiva estável, e atribuiu a mudança a um desempenho macroeconômico e fiscal melhor que o esperado.
"A elevação (do rating) do Brasil reflete um desempenho macroeconômico e fiscal melhor do que o esperado em meio a sucessivos choques nos últimos anos", disse a agência em relatório nesta quarta-feira.
"Políticas proativas e reformas apoiaram isso e a expectativa da Fitch é de que o novo governo trabalhará para melhorias adicionais", acrescentou a nota, afirmando ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "tem conseguido garantir a governabilidade e avançar em sua agenda política".
Entre os destaques, a Fitch citou medidas como o avanço do novo arcabouço fiscal e da reforma tributária no Congresso como um desdobramento positivo para a nota de crédito do Brasil.
Em nota, o Ministério da Fazenda disse que "a decisão da agência corrobora os esforços empreendidos pelo governo para fortalecer o ambiente econômico e promover a consolidação fiscal".
A pasta também reiterou "seu compromisso com a agenda de reformas em curso, que contribuirá não apenas para o melhor balanço fiscal do governo, mas também levará à redução das taxas de juros e à melhoria das condições de crédito, ao mesmo tempo em que assegurará a estabilidade dos preços".
A elevação do rating do Brasil pela Fitch vem pouco mais de um mês depois que outra agência de classificação de risco, a S&P, mudou a perspectiva para a nota de crédito do Brasil, atualmente BB-, de "estável" para "positiva", também citando sinais de maior certeza sobre a estabilidade da política fiscal.
Já a Moody´s tem nota Ba2 com perspectiva estável para o Brasil. Todas as notas, no entanto, seguem abaixo do chamado grau de investimento, que indica baixo risco de calote.
A Fitch destacou que a posição fiscal do Brasil está se deteriorando depois de alguma melhora, mas que espera que as novas regrais fiscais e medidas tributárias ancorem uma consolidação gradual. A agência ainda projeta alta da relação dívida/PIB, mas a um ritmo mais lento e partindo de um ponto inicial muito melhor do que estimado anteriormente.
A agência explicou que o rating do Brasil é sustentado por pontos como economia ampla e diversa, renda per-capita alta, capacidade de absorção de choques, câmbio flexível e fortes reservas internacionais.
Por outro lado, "os ratings são restringidos pela dívida alta do governo, rigidez fiscal, potencial fraco de crescimento econômico e resutados relativamento baixo de governança".
CRESCIMENTO
A Fitch também elevou a perspectiva para o crescimento econômico do Brasil neste ano para 2,3%, forte melhora ante a expansão de 0,7% prevista antes.
"O ímpeto econômico continua em 2023 após uma recuperação pós-pandemia saudável, apoiada por uma safra agrícola abundante. O consumo esfriou com a política monetária apertada, mas continua sustentado por um mercado de trabalho forte, gastos fiscais e crescimento contínuo do crédito", disse a agência no relatório, vendo início dos cortes de juros pelo Banco Central em agosto.
A Fitch espera uma desaceleração do crescimento para 1,3% em 2024, a ser seguida por uma convergência a uma tendência de crescimento de 2% nos anos seguintes.
A agência também vê o resultado primário do governo nas faixas mais baixas da meta de 0% do PIB em 2024 e em 0,5% em 2025, com riscos negativos. Já a dívida foi calculada em 75% do PIB em 2023
(Edição de Pedro Fonseca)